6.12.06

reticências.

"O senhor... Mire e veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando. Isso que me alegra, montão”. Grande Sertão: Veredas, p.21.

O mudar, o desembolar, o transformar. O engolir por um segundo e depois nem saber mais qual o gosto. A pensação tomada por palimpsestos incorrigíveis que se deliciam e que recobrem, descobrem. O não saber falar, o querer entender o sem sentido, o não sentido. O buscar palavras, o inventar palavras. O olhar perdido procurando já não se sabe mais o quê. O que era, o que foi, o que não vai ser. O que será. (Será?). A vivência do ser no momento mais profundo e mais íntimo de estar. O planejar invisível. Os sonhos que são sonhados, apenas sonhados. Sonhados durante segundos que se calam com o abrir (ou fechar) da porta. A porta que limita o limite do ir-sendo. Do querer-ser. Do ser. Os critérios de relevância, as experiências, o acumular pequenos pedaços de vida(s). A usina de sentidos que borbulha, escorre, impregna e salta. O mastigar de passos que apagam, rasgam e renovam durante o calar mais singelo que, no entanto, berra e toma por si a sutileza que escancara. Os olhos que já não mais têm aquele brilho de ontem, o desfazer o feito e perceber o não feito. A voz que ficou mais aguda, muda. O tentar ser melhor e se bagunçar na querência do ser. A lágrima que escorre queimando e que depois se vira, apetitosamente, seca. O deliciar que se pode permitir uma segunda chance. O acreditar que as pessoas tropeçam, mas que podem se levantar e trocar de roupa. A gente gargalha, se espanta, chora e observa. Os dias todos, inteiros. O mudar, o desembolar, o transformar.

O mudar, o desembolar, o transformar. O segundo por um engolir e o gosto que nem quer saber qual o depois. Palimpsestos incorrigíveis tomados por pensações que se deliciam e que recobrem, descobrem. O não saber entender, o querer falar o sem sentido, o não sentido. O inventar palavras, o buscar palavras. O procurar perdido olhando já não se sabe mais o quê. O que não era, o que não foi, o que vai ser. O que não será. (ou Será?). A vivência de estar no momento mais profundo e mais íntimo do ser. O invisível toque do planejar. Os sonhos que são sonhados, sempre sonhados. Sonhados durante horas de segundos que se abrem com o falar (ou calar) da porta. A porta que limita o não limite do ir-sendo e ser. Do querer-ser. A relevância dos critérios, as experiências, o distribuir grandes pedaços de vida(s). O sentido da usina que borbulha, escorre, impregna e salta. O cuspir passos que apagam, rasgam e renovam durante o cantar mais singelo que, no entanto, sussurra e toma por si o escancarar sutil. O brilho que já não mais pertence àquele olhar de ontem, o fazer o desfeito e ignorar o não feito. A voz que ficou mais muda, aguda. O tentar ser pior e se bagunçar na querência do não ser. O virar que escorre queimando e que depois se chora, apetitosamente, seco. A chance que pode permitir um segundo deliciar. O acreditar que as pessoas trocam de roupa e, por isso, tropeçam. A gente chora e observa; gargalha e se espanta. Os dias inteiros, todos. O mudar, o desembolar, o transformar.

01h22.
05/12/06.

5 comentários:

Anônimo disse...

lindo!
são as mudanças, fazem parte!
bjo

Anônimo disse...

"Os critérios de relevância, as experiências, o acumular pequenos pedaços de vida(s). A usina de sentidos que borbulha, escorre, impregna e salta. O mastigar de passos que apagam, rasgam e renovam durante o calar mais singelo que, no entanto, berra e toma por si a sutileza que escancara."

"A relevância dos critérios, as experiências, o distribuir grandes pedaços de vida(s). O sentido da usina que borbulha, escorre, impregna e salta. O cuspir passos que apagam, rasgam e renovam durante o cantar mais singelo que, no entanto, sussurra e toma por si o escancarar sutil."

Tenho que falar mais?

paula r. disse...

a gente só não pode soltar a mão. perdidos juntos dá menos medo que sozinhos.

Unknown disse...

o repetir mesmo que fazendo diferente.

a diferença que é sempre a mesma e se repete.

Anônimo disse...

vejo q tirou alguns textos... bom pra vc, pq lavar roupa suja tem q ser em casa.