28.2.07

ponto.

-

um dia eu volto.

25.2.07

fato.

Já tem mais de meia hora que estou em frente à tela do meu pc pensando sobre o que escrever. Já olhei pros lados, já cocei meus olhos, já fiquei observando os cartazes pregados na minha parede, já... já... Falar sobre o quê?! Que hoje fui ao cinema sozinha ver Babel e saí completamente sem chão, toda bagunçada?! Não, pra quê?! Escrever mais um conto sobre amores imaginários, sobre fantasiadas dores de amor pretérito?! Não. Contar que... er... é, não sei mesmo. Será que se eu contasse sobre minhas aventuras aos 8 anos na pequenina Carmo do Rio Claro vocês iriam gostar?! Não, creio.
Escrever sobre o não escrever?! Er... Acho melhor parar por aqui.
Até porque eu sei que você...
é... eu sei.

22.2.07

todos os caminhos.

"só posso te pedir que nunca se leve tão a sério".






lenine.

19.2.07

amargo marrom.

A trilha sonora era um cd que ela achou perdido por entre tantos guardados. Sentia o respirar do seu corpo se esquentar e coçava os olhos insistentemente. Nas lembranças o calar suave dos sonhos que um dia construiu entremeado com as canções de ninar que sua mãe cantava ao pé de seu ouvido.
Deitou-se naquela cama amarela com lençóis vermelhos. Ainda coçava os olhos, doía. Respirou fundo e virou-se para o lado esquerdo. Com o olhar perdido por entre aquela parede azul, ela se lembrou daquele sorriso. Sentiu doer o calcanhar direito, já não tinha mais porque se lembrar daquele triste sorriso marrom.
Levantou-se, esticou os braços, seus olhos não doíam mais.

14.2.07

ai!

é quando a cabeça começa a pesar

e mastiga e mastiga





e mastiga.

9.2.07

engasgar: verbo intransitivo.

A fumaça do café contornava aqueles lábios grossos e ansiosos. O olhar percorria o rosto masculino que se encontrava na sua frente. Ela escutava, ele falava.
- ...mas então, não imaginava que isso fosse acontecer, entende?! Foi tudo muito rápido e...
- Você mexe muito as mãos enquanto fala.
- Anh?! Er... não tinha pen..
- Não, você não tinha pensado, eu sei. É ansioso?!
- Hmmm..acho que sim.
- Acha?
- Não, eu sou... verdade.
-
-
- Vai pedir outro café?
- Não.
Ele acendeu um cigarro e sim, era ansioso. Ela perdeu o seu olhar daquele rosto e observou as outras duas únicas mesas ocupadas: dois amigos tomando chopp e discutindo alto sobre teatro; um casal que se beijava de 5 em 5 minutos.
- E você, vai pedir outro?
- Não sei.
- É insegura?
- Talvez.
- Talvez?
- Eu te quis naquele dia.
- Anh?
- É, isso mesmo. Foi difícil me conter, por mim teria..
- Roubado um beijo.
- É.
- E por que não fez isso?
- Às vezes tento ser sensata.
- Mas o que isso tem a ver?
- Oras, você acha sensato roubar um beijo ou até mesmo pedir um beijo pra alguém na noite em que se conheceram?
- E que mal há nisso?
- Não sei.
- Você é insegura.
- Talvez.
- É.
- Sou.

7.2.07

i just don´t know what to do with myself.

Senti sua mão passeando pelo meu cabelo enquanto eu fechava meus olhos e mordia meus lábios manchados com sua saliva. O cheiro era amargamente doce e contribuía para cada acelerar da minha respiração. Minhas mãos se perdiam num conflito delicioso entre o rasgar e o tocar. Foi quando me virei e olhei nos seus olhos; pela primeira vez me vi completamente nua. O lamber de seus olhos me instigavam, não me conti: fui me aproximando a fim de sentir seu gosto mais de perto e quanto mais me aproximava, percebia um embrulhar de sentimentos, um não poder apetitoso. Com minha língua explorei seu lábio inferior enquanto sua respiração me desejava. O beijo. O roçar das salivas, o bailar. O beijo.

4.2.07

Líquidos.

Rasgar as palavras esbugalhadas no chão, era isso o que queria. Tantos sonhos se escorriam que ele não tinha mais forças para tomar aquele café amargo. Caídos líquidos pretobranco. O cheiro do suor dela ainda se encontrava por entre aqueles lençóis, antes tão brancos. E enquanto tentava achar soluções insensatas com o olhar passeando pela parede rachada, percebia seus pensamentos perdidos nas lembranças do jeitinho muleca que ela tinha. Talvez o melhor mesmo tivesse sido aquele tchau dobrado embaixo dos leves passos que ela deu antes de fechar a porta. Procurou amassá-la na sua mente a fim de não se pegar mais lambendo o doce sorriso que sempre lhe atormentava quando se sentia sozinho nas madrugadas frias. Mas sabia que as tentativas eram frágeis e inúteis. Ou não. Confuso, era assim que se definia durante os não-saberes do seu dia-a-dia. Mas no meio dessa confusão sagaz e, ao mesmo tempo, tão truncada, sentia um pedaço de paz entre seus dedos brancos da mão direita. Caídos líquidos pretobranco.