30.12.05

ela.

por demais de perdida. sinto. tudo esquisito. abraço, beijo, toque. "vem aqui."; "vai pra lá". aqui?! onde?! até onde?! posso sentir o cheiro do aqui? ou apenas posso vê-lo ali, no canto? crio idéias e disidéias. faço café-da-manhã, almoço e janta pr'elas. ai ai. mas dá uma gastura. quero complicação por demais não. ah! quero não! mesmo. só que apronto uma pensação. vixe! penso por demais. e isso cansa a mente. angustia o coração. gosto de verdade. de dizer e de ouvir. prefiro verdade que dói. mentira que ilude é nojenta, dificultosa. quanto ao silêncio? não gosto. se não tem certeza, fala. mas fala que não tem certeza. silêncio é bom pra esquecer. aí, ele ajuda. só que só funciona quando se quer o esquecimento de verdade. do contrário, ai! coração fica por demais de triste. e se eu quero o silêncio?! carece não. coração tá bem, não tenho nada pra esquecer. o que quero é me livrar dessas pensações. e como? preciso de gente faladeira. gente que vomita. mas quero palavra por demais de esquisita não. pra livrar de pensação, tem que ser palavra nua. outra coisa que quero é me apaixonar. deixar meu coração feliz. desconfio que isso faz bem. ter em quem pensar é alegria. e se tem que ser correspondido? tem não. tem só que saber o que o outro sente. se não gostar, pelo menos não iludo e vou gostando até desgostar. mas se gostar! nossa! vai ser maravilhoso por demais ter uma cabecinha deitada no meu colo. e poder falar o que sinto olhando nos olhos dele. hmmm... cá estou pensando. e não é que me apaixono sempre?! ah! mas é paixão com hora certa pra acabar. e é disso. é disso que. não quero.

22.12.05

sonho de consumo.

quero deslizar em cada
canto da vida.

da sua vida.

l> haemoglobin - placebo.
você.

21.12.05

cheiro.

quando ele entrou, sentiu o cheiro dela.
fechou os olhos.

e sorriu.

19.12.05

post secret

bom dia, maria!

maria maria, bom dia!

bom dia, seu josé!

bom dia!

l> somedoby told me - the killers
amanhecendo.

18.12.05

abstrato.muito.exageradamente.quero.amo.



everybody hurts...

...sometimes.

mestre de novo.


"Segredando-se, Ciganinha e Zito se consideram, nas pontinhas da realidade.-"Hoje está tão bonito, não é? Tudo, todos, tão bem, a gente alegre... Eu gosto desse tempo..." E:-"Eu também, Zito.Você vai voltar sempre aqui,muitas vezes?" E:-"Se Deus quiser, eu venho..." E:-"Zito, você era capaz de fazer como o Aldaz Navegante? Ir descobrir os outros lugares?" E:-"Ele foi, por que os outros lugares são ainda mais bonitos, quem sabe?..." Eles se disseram,assim eles dois, coisas grandes em palavras pequenas,Ti a mim, me a ti, e tanto. Contudo , e felizes, alguma outra coisa se agitava neles, confusa-assim rosa-amor-espinhos-saudade."

João Guimarães Rosa

17.12.05

vermelhoohlemrev

ele

ele me faz bem
bem me faz
.
faz
me
bem

l> the same boy you´ve always know - the white stripes
bem.

mestre.

"Do ódio, sendo. Acho que, às vezes, é até com ajuda do ódio que se tem a uma pessoa que o amor tido a outra aumenta mais forte. Coração cresce de todo lado. Coração vige feito riacho colominhando por entre serras e varjas, matas e campinas. Coração mistura amores. Tudo cabe."

Guimarães Rosa, em "Grande Sertão: Veredas".

29.11.05

essa é minha.

[foto xuxu do meu último ensaio]

eternossonrete

vivo meus amores
eternossonrete
em um segundo

como se fossem
longas esquinas

l> alma minha - zeca baleiro
alma limpa.

27.11.05

baleiro.

A solidão é meu cigarro
Não sei de nada e não sou de ninguém
Eu entro no meu carro e corro
Corro demais só pra te ver meu bem
Um vinho, um travo amargo e morro
Eu sigo só porque é o que me convém
Minha canção é meu socorro
Se o mar virar sertão, o que é que tem?
Dias vão, dias vem, uns em vão, outros nem...
Quem saberá a cura do meu coração senão eu?
Não creio em santos e poetas
Perguntei tanto e ninguém nunca respondeu
Melhor é dar razão a quem perdoa
Melhor é dar perdão a quem perdeu
O amor é pedra no abismo
A meio passo entre o mal e o bem
Com meus botões a noite cismo
Pra que os trilhos, se não passa o trem?
Os mortos sabem mais que os vivos
Sabem o gosto que a morte tem
Pra rir tem todos os motivos
Os seus segredos vão contar a quem?
Dias vão, dias vem, uns em vão, outros nem
Quem saberá a cura do meu coração senão eu?
Não creio em santos e poetas
Perguntei tanto e ninguém nunca respondeu
Melhor é dar razão a quem perdoa
Melhor é dar perdão a quem perdeu.
zeca baleiro - cigarro.
.
cada coisa estranha que me acontece! credo!
[show foi maravilhoso! zeca, amo-te!]
e eu tenho uma leve impressão de que estarei lá,
sempre.

procurando o invisível no visível.
sempre.

23.11.05

pésdedos. dedospés.

pés:

perdidos,
caminham para a
direita
esquerda


até pararem.
sem saberem
para onde realmente
devem ir.


by eu.

-

dedos:

grandes
pequenos


gordo
magro


estamos tão juntinhos
pode dar um espacinho?

by gú.

[produzi meu primeiro vídeo hj!]

l> politik - coldplay
happy.

22.11.05

além dele, elas estavam lá.

Ele estava lá. Falava, falava, falava, mas ninguém ouvia. Ninguém via. Só que ainda restava uma esperança. Pequena, talvez. E era o que lhe impulsionava a falar todos os dias. Mesmo que fosse para as paredes. Não entendia porque não havia ninguém lá. Será que ele não estava encaixado nos padrões de beleza da época? Ou será que sua voz era alta demais?

Resolveu falar baixinho. No entanto, fez isso não só para atrair pessoas – caso o problema fosse a voz alta que tinha -, mas também porque estava cansado. As poltronas na sua frente já não agüentavam mais esperar que alguém se acomodasse nelas, as luzes não viam razão para continuarem apagadas. E ele nem tinha mais argumentos para convencê-las de que era preciso esperar.

Até que um dia, alguém chegou. Quando ele viu, levou um susto e continuou a falar, mas muito mais feliz. Essa pessoa sentou na segunda poltrona da terceira fileira do lado direito. (Ufa! – disse a poltrona). E ele falava, falava, falava. Até deu uma melhorada no contraste para ver se ficava mais bonito. Mas com o decorrer do tempo, percebeu, a pessoa era cega. No entanto, ela escutava. E ele sabia disso, uma vez que ela comentava as falas dele. “Tudo o que você fala, eu levo pra casa”, ela dizia.

E ela estava lá. Todos os dias. Era a alegria das poltronas, das luzes, da tela e dele. E em um certo dia, ela chegou acompanhada. Era uma pessoa elegante. Surda-muda, mas parecia não se importar com isso. Pois falava, falava com os olhos. Vivos. As duas se sentaram diante dele e se deliciaram. Uma ouvindo, a outra vendo. Sentiam. Diferentemente, mas sentiam.

Cada dia ele era um. Cada dia provocava algo diferente nelas. Ele era histórias. Aos montes. E isso as instigava, muito. Gostavam de sentir e de depois compartilhar o que sentiram. Mesmo que fosse apenas através de toques. A surda-muda achava belo a expressão das personagens, as cenas densas e ao mesmo tempo, leves. E a cega delirava ao sentir as sensações das personagens nas falas. Era angústia, paixão, felicidade.

Mas um dia outra pessoa chegou. Essa enxergava, ouvia e falava. Ele se desesperou. Não sabia mais como se apresentar para alguém assim. Todavia, depois de pensar um pouco, percebeu que seria melhor continuar se apresentando como estava. Aquela pessoa que acabara de chegar poderia gostar, oras! E ele começou a se apresentar. No meio da apresentação, a pessoa que chegara por último, se levantou. E foi-se.
Quando isso aconteceu, ele parou. Olhou para a cega e para a surda-muda e sorriu. Elas estavam lá, pelo menos elas.


[trabalho de Of. de Leitura e Escrita relacionado com a reportagem que fiz para Apuração e Redação]

20.11.05

(era) o 11.

(era) o 11.
(era) o novembro.
(era) a intensidade.
(era) o desejo.
(era) o sonho.
(era) o querer.
(era) a busca.
-
(era) o 11.
e nem quero pensar qual vai ser o 12.

l> only time - enya.
borracha.

postsecret

o 11.

ele é o 11.
o novembro.
a intensidade.
o desejo.
o sonho.
o querer.
a busca.
-
o 11.
e qual será o 12?

l> frágil - zeca baleiro.
rindo verticalmente.

19.11.05

é.

mas eu amo o desconhecido.

l> entrevistas que fiz hoje.

falo aqui, ali, acolá.

linguagem do vômito: o cavalo azul do joão é rosa.
enfim, fato.

.

e sim, tenho medo de conhecer o desconhecido. pq qto mais conhecido, mais des-conhecido se torna.

.

pessoas! pessoas! pessoas! quero muito! em todo canto, em todo chão, em todo teto. sambando, suando e se esquecendo de soletrar.
e
s
q
u
e
c
e
n
d
o
.
fssss...

.

l> everybody hurts - rem
sentindo o sentir.

17.11.05

formiguinhas.

de repente alguém coloca uma pedra na frente das formiguinhas.
.
aí, elas dão a voltam e continuam a caminhar.
.
já viu isso?!
pois é.
e eu tento (bem mais ou menos) imitá-las.

l> black star - radiohead

16.11.05

ludens! ludens!

-
será que ela é senhora desse amor?!
.
tenho estado muito sozinha e dado gargalhadas de muitas coisas.
.
a vida pode ser divertida.
muito divertida.
.
ainda bem!
(ou não)

l> com medo, com pedro - gilberto gil
ludens.

a espantosa realidade das cousas.

A espantosa realidade das cousas
É a minha descoberta de todos os dias.
Cada cousa é o que é,
E é difícil explicar a alguém quanto isso me alegra,
E quanto isso me basta.

Basta existir para se ser completo.

Tenho escrito bastantes poemas.
Hei de escrever muitos mais. naturalmente.

Cada poema meu diz isto,
E todos os meus poemas são diferentes,
Porque cada cousa que há é uma maneira de dizer isto.

Às vezes ponho-me a olhar para uma pedra.
Não me ponho a pensar se ela sente.
Não me perco a chamar-lhe minha irmã.
Mas gosto dela por ela ser uma pedra,
Gosto dela porque ela não sente nada.
Gosto dela porque ela não tem parentesco nenhum comigo.

Outras vezes oiço passar o vento,
E acho que só para ouvir passar o vento vale a pena ter nascido.

Eu não sei o que é que os outros pensarão lendo isto;
Mas acho que isto deve estar bem porque o penso sem estorvo,
Nem idéia de outras pessoas a ouvir-me pensar;
Porque o penso sem pensamentos
Porque o digo como as minhas palavras o dizem.

Uma vez chamaram-me poeta materialista,
E eu admirei-me, porque não julgava
Que se me pudesse chamar qualquer cousa.
Eu nem sequer sou poeta: vejo.
Se o que escrevo tem valor, não sou eu que o tenho:
O valor está ali, nos meus versos.
Tudo isso é absolutamente independente da minha vontade.


alberto caieiro

14.11.05

mário quintana.

Eu sou um homem fechado.
O mundo me tornou egoista e mau.
E a minha poesia é um vício triste,
Desesperado e solitário
Que eu faço tudo por abafar.

Mas tu apareceste com a
tua boca fresca de madrugada,
Com o teu passo leve,
Com esses teus cabelos...

E o homem taciturno ficou imóvel,
sem compreender [nada, numa alegria atônita...

A súbita, a dolorosa alegria de um espantalho inútil
Aonde viessem pousar os passarinhos

--

no ano tem 12 meses.
é, né?!
.
fato.

l> fala - secos e molhados.
lilás.

13.11.05

post secret

goethe.

"Que a vida é apenas um sonho já antes de mim outros o disseram, e é esta uma idéia que me persegue por toda a parte. Quando vejo em que estreitos limites se encerram as belas faculdades do homem; quando vejo que a sua atividade e a sua inteligência se esgotam para a simples satisfação de necessidades tendentes a prolongar a nossa pobre existência, quando considero que a sua tranquilidade, em presença de certos problemas da vida, é tão somente uma ilusória resignação, como seria a do prisioneiro cujo cárcere tivesse as paredes revestidas de pinturas atraentes e variadas, então, meu caro Guilherme, concentro o espírito em recolhimento e percebo nele um mundo de pensamentos... ou antes de percepções confusas e de vagos desejos... Não são raciocínios, ainda menos projetos de ação, mas intangíveis sonhos que me flutuam ante os olhos e nos quais gostosamente me perco."

9.11.05

pessoas

são pessoas. aos montes. pessoas que tropeçam no meu caminho. aparecem e des-aparecem. mas são pessoas. que têm sonhos, que vivem sonhos, que engolem sonhos, que vomitam sonhos. pessoas que gritam, choram, falam, pensam, sentem. pessoas em todo o canto. que querem, que dizem sim, dizem não. pessoas que quero, que não quero. algumas estranhas, malucas, nuas. outras insignificantes. pessoas que enxergam, que tocam, que cheiram. apressadas, lerdas. pessoas que perguntam, que querem saber, que fingem não saber. vidas de pessoas. que estão lá, que estão cá. conturbadas, falantes, caladas. pessoas que suspiram, explodem. pessoas que trancam a porta ou fingem trancar.
p
e
s
s
o
a
s
... me atormentam.

mas enfim, são pessoas.
pequenas imensas
pessoas.

l> street spirit (fade out) - radiohead
apessoada.

blá blá blá

peguei vários livros pra ler durante as férias.
"uma aprendizagem ou livro dos prazeres", clarice lispector (já deu pra perceber que amo essa mulher, né?! pois é.)
"distraídos venceremos", paulo leminski (é, amo tbm.)
"werther", goethe (conhecendo)
"os cem melhores contos brasileiros do século" (não precisa falar nada.)

--
e lendo o da clarice, fiquei p*ta, rs. no livro tem várias anotações tentando explicar o que ela diz.
e não não não! isso não pode!
cada um interpreta do jeito que quer, clarice é subjetividade, metáforas.
palavras não ditas.
individual.

você sente, não entende.

--

tá isso pode ser uma grande bobagem, mas enfim.
eu fico p*ta, oras!

l> c´mere - interpol
bem.

8.11.05

olhe ao redor

Olhe para todos a seu redor e veja o que temos feito de nós.
Não temos amado, acima de todas as coisas.
Não temos aceito o que não entendemos porque não queremos passar por tolos.
Temos amontoado coisas, coisas e coisas, mas não temos um ao outro.
Não temos nenhuma alegria que já não esteja catalogada.
Temos construído catedrais, e ficado do lado de fora, pois as catedrais que nós mesmos construímos, tememos que sejam armadilhas.
Não nos temos entregue a nós mesmos, pois isso seria o começo de uma vida larga e nós a tememos.
Temos evitado cair de joelhos diante do primeiro de nós que por amor diga: tens medo.
Temos organizado associações e clubes sorridentes onde se serve com ou sem soda.
Temos procurado nos salvar, mas sem usar a palavra salvação para não nos envergonharmos de ser inocentes.
Não temos usado a palavra amor para não termos de reconhecer sua contextura de ódio, de ciúme e de tantos outros contraditórios.
Temos mantido em segredo a nossa morte para tornar nossa vida possível.
Muitos de nós fazem arte por não saber como é a outra coisa.
Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença, sabendo que nossa indiferença é angústia disfarçada. Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos o que realmente importa.
Falar no que realmente importa é considerado uma gafe.
Não temos adorado por termos a sensata mesquinhez de nos lembrarmos a tempo dos falsos deuses.
Não temos sido puros e ingênuos para não rirmos de nós mesmos e para que no fim do dia possamos dizer "pelo menos não fui tolo" e assim não ficarmos perplexos antes de apagar a luz.
Temos sorrido em público do que não sorriríamos quando ficássemos sozinhos.
Temos chamado de fraqueza a nossa candura.
Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo.
E a tudo isso consideramos a vitória nossa de cada dia.
Clarice Lispector.

você?

o que você vê quando está em frente ao espelho?

elaele

ele abriu a porta tentando não fazer barulho.
mas ela estava lá o esperando.
talvez por meses, não teria como saber.
e então, se olharam.
ela viu a marca do batom,
mas nos olhos dele via um
profundo pedido de perdão.

foi quando ela se dirigiu para o quarto,
abriu o armário
e colocou o travesseiro guardado
ao lado do dela.

se deitou e dormiu.

l> i remember - damien rice.
qrendo paz.

7.11.05

pessoa.

"Criei em mim várias personalidades. Crio personalidades constantemente. Cada sonho meu é imediatamente, logo ao aparecer sonhado, encarnado numa outra pessoa, que passa a sonhá-lo, e eu não."

Fernando Pessoa

--

invento
desloco
desconstruo

sou um homo ludens.

l> paranoid android - radiohead
jogando os dados.

6.11.05

clarice.

"E sei tão pouco como se o teu enigma fosse eu."

--

"Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é possível fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada".

--

l> champagne supernova - oasis
happy. (:

4.11.05

rotina.


"Estou cansada da rotina de me ser".

Clarice Lispector

--


Sou mil em uma.
Uma em mil.
Mas no fundo,
nada mais simples
que 2+2.

l> barely legal - strokes
arbol.

3.11.05

declaração.

propensão do sujeito apaixonado a alimentar o ser amado, fartamente, com contida emoção, do seu amor, dele, de si, deles: a declaração não diz respeito à confissão do amor, mas à forma, infinitamente comentada, da relação amorosa.

1. A linguagem é uma pele: esfrego minha linguagem no outro. É como se eu tivesse palavras ao invés de dedos, ou dedos na ponta das palavras. Minha linguagem treme de desejo. A emoção de um duplo contacto: de um lado, toda uma atividade do discurso vem, discretamente, indiretamente, colocar em evidência um significado único que é "eu te desejo", e liberá-lo, alimentá-lo, ramificá-lo, fazê-lo explodir (a linguagem goza de se tocar a si mesma); por outro lado, envolvo o outro nas minhas palavras, eu o acaricio, o roço, prolongo esse roçar, me esforço em fazer durar o comentário ao qual submeto a relação.

(Falar amorosamente é gastar interminavelmente, sem crise; é praticar uma relação sem orgasmo. Existe talvez uma forma literária desse coitus reservatus: é o marivaudage.)*

2. A pulsão do comentário se desloca, toma o caminho das substituições. De início é para o outro que eu discorro sobre a relação; mas pode ser também diante do confidente: de você passo a ele. E depois, de ele passo a nós; elaboro um discurso abstrato sobre o amor, uma filosofia da coisa, que seria apenas, em suma, um blá-blá-blá generalizado. Refazendo a partir daí o caminho inverso, poder-se-ia dizer que todo dito que tem por objeto o amor (seja o que for que se queira destacar) comporta fatalmente uma alocução secreta (me dirijo a alguém, que vocês não sabem, mas que está lá na extremidade das minhas máximas). No Banquete, essa aloucação talvez exista: seria Ágaton que Alcebíades interpelaria e desejaria sob a escuta de um analista, Sócrates.

(A atopia do amor, aquilo que o faz propriamente escapar a todas as dissertações, seria que, em última instância, não é possível falar dele a não ser segundo uma estrita determinação alocutória; seja ele filosófico, gnômico, lírico ou romanesco, há sempre no discurso sobre o amor uma pessoa a quem se dirige, mesmo que essa pessoa tivesse passado ao estado de fantasma ou de criatura a vir. Ninguém tem vontade de falar de amor, se não for para alguém).

*afetação, rebuscamento na linguagem e no estilo atribuídos a Marivaux, escritor francês, sec.XVIII.

By Nonada.

ele II


"Não sou modesto em relação ao que eu faço como artista. Mas, sobre os rumos ou possibilidades do país, não vejo honestamente que contribuição eu possa dar. O que eu posso fazer é só constatar minhas perplexidades, meus receios diante desse quadro cada vez mais assustador. Como não se vê perspectiva de mudança a curto ou mesmo a médio prazo, a sociedade toda é levada a um certo conformismo, ou mesmo a um cinismo. Na alta classe média, assim como já houve um certo esquerdismo de salão, há hoje um pensamento cada vez mais reacionário, com tintas de racismo e de intolerâncias impressionantes."

"Ser reacionário virou de bom-tom. No meu tempo, as moças bonitas eram de esquerda, hoje são de direita. (risos)"

ele.

sou apenas um homem
um homem pequenino à beira de um rio
vejo as águas que passa
mas não as compreendo
sou apenas o sorriso
na face de um homem calado

Carlos Drummond de Andrade

Bukowski

Não há nada a lamentar sobre a morte, assim como não há nada a lamentar sobre o crescimento de uma flor. O que é terrível não é a morte, mas as vidas que as pessoas levam ou não levam até a sua morte. Não reverenciam suas próprias vidas, mijam em suas vidas. As pessoas as cagam. Idiotas fodidos. Concentram-se demais em foder, cinema, dinheiro, família, foder. Suas mentes estão cheias de algodão. Engolem Deus sem pensar, engolem o país sem pensar. Esquecem logo como pensar, deixam que os outros pensem por elas. Seus cérebros estão entupidos de algodão. São feios, falam feio, caminham feio. Toque para elas a maior música de todos os tempos e elas não conseguem ouví-la. A maioria das mortes das pessoas é uma empulhação. Não sobra nada para morrer.

em O Capitão.

l> sugar kane - sonic youth
malagueta.

2.11.05

cansei.

cansei de ter medo.
medo de encarar o v-a-z-i-o.
--
cansei de chorar minhas
p-i-t-a-n-g-a-s.
--
mas descobri que sou
uma pimenta-cereja.
.
tá começando a melhorar,
ou não.

l> politik - coldplay
bom dia!

30.10.05

e agora?!



quero você.

e agora?!

o que eu faço?!

ô vida!

tava escondido.
jogado de lado.

e de repente:

queria te pedir desculpas.

--

vai entender!

l>fix you - coldplay
com fome.

27.10.05

descobri.

na verdade,
tenho que pedir
desculpas
pra mim.

l> conversa de botas batidas - Los hermanos (não consigo parar de ouvir!)
tranqüila (ou fingindo estar.)

mesclagem.

sou mesclagem de
menina
mulher
mulher
menina

que quer, quer muito,
mas não sabe como
e pensando bem...
não sabe ao certo
o quê.

irreconhecível.


Esforços do sujeito apaixonado para compreender e definir o ser amado "em si", com um determinado tipo característico, psicológico ou neurótico, independentemente dos dados particulares da ligação amorosa.

1. Estou preso nesta contradição: de um lado, creio conhecer o outro melhor do que ninguém e afirmo isso triunfalmente a ele ("Eu te conheço. Só eu te conheço bem!"); e, por outro lado sou freqüentemente assaltado por essa evidência: o outro é impenetrável, raro, intratável; não posso abri-lo, chegar até sua origem, desfazer o enigma. De onde ele vem? Quem é ele? Por mais que eu me esforce não o saberei nunca.

2. Se desgastar, se esforçar por um objeto impenetrável é pura religião. Fazer do outro um enigma insolúvel do qual depende minha vida, é consagrá-lo como deus; não decifrarei nunca a pergunta que ele me faz, o enamorado não é Édipo. Só me resta então converter minha ignorância em verdade. Não é verdade que quanto mais se ama, mais se compreende; o que a ação amorosa consegue de mim, é apenas uma sabedoria: não tenho que conhecer o outro; sua opacidade não é de modo algum a tela de um segredo, mas sim uma espécie de evidência, na qual fica abolido o jogo da aparência e do ser. Experimento então essa exaltação de amar profundamente um desconhecido que o será sempre: movimento místico: tenho acesso ao conhecimento do desconhecido.

3. Ou ainda: ao invés de querer definir o outro ("O que é que ele é?"), me volto pra mim mesmo: "O que é que eu quero, eu que quero te conhecer?". O que aconteceria se eu quisesse te definir como uma força e não como uma pessoa? E se eu me situasse como uma outra força diante da tua força? Aconteceria o seguinte: meu outro se definiria apenas pelo sofrimento ou pelo prazer que ele me dá.

By Nonada.

é simples.

entre, a casa é sua.
vomite nos móveis
suje as paredes
risque o chão
e
depois

tranque a porta.

25.10.05

vomitando.

"...Ao escrever eu me dou as mais inesperadas surpresas. É na hora de escrever que muitas vezes fico consciente das coisas das quais, sendo inconsciente, eu antes não sabia que sabia".

Clarice Lispector

tô desistindo, trancando as malas, indo embora.
mas o estranho é que sei que, por mais que eu tente, não vou conseguir.
perder minha essência, ou melhor, jogá-la fora, dói.
dói muito.

mas de repente, acontecem algumas coisas que...
enfim, não sei explicar.

o word aberto e uma frase assim pra mim:

Casa comigo que eu te faço a pimenta mais suave desse prédio.

l> é de lágrima - los hermanos
eu.

24.10.05

será?!

será que tenho cura?!

será?
será?

ai ai...
dúvida cruel!

Me desculpa?!

Descobri que a sua cor
não é a minha
favorita.

l> what if - coldplay
querendo um pedaço de
queijo.

Foi?

curiosamente
faço amor com as palavras.
crio sentidos.
brinco.
falo que sim,
falo que não.

e depois pergunto:
- Foi bom pra vc?

23.10.05

Receita.



eu só queria aprender
a lidar com essas
maluquices que teimam
emme atormentar.

alguma receita?!

sabe?!

falo demais
sinto demais

medo demais
sofro demais.

--

vazio que embrulha o estômago.
dói.

l> veja bem, meu bem - los hermanos
amaranteando.

post secret

Bandeira Branca - Luis Fernando Verissimo

Ele: tirolês. Ela: odalisca.
Eram de culturas muito diferentes, não podia dar certo. Mas tinham só quatro anos e se entenderam. No mundo dos quatro anos todos se entendem, de um jeito ou de outro. Em vez de dançarem, pularem e entrarem no cordão, resistiram a todos os apelos desesperados das mães e ficaram sentados no chão, fazendo um montinho de confete, serpentina e poeira, até serem arrastados para casa, sob ameaças de jamais serem levados a outro baile de Carnaval.

Encontraram-se de novo no baile infantil do clube, no ano seguinte. Ele com o mesmo tirolês, agora apertado nos fundilhos, ela de egípcia. Tentaram recomeçar o montinho, mas dessa vez as mães reagiram e os dois foram obrigados a dançar, pular e entrar no cordão, sob ameaça de levarem uns tapas. Passaram o tempo todo de mãos dadas. Só no terceiro Carnaval se falaram.

— Como é teu nome?
— Janice. E o teu?
— Píndaro.
— O quê?!
— Píndaro.
— Que nome!

Ele de legionário romano, ela de índia americana. Só no sétimo baile (pirata, chinesa) desvendaram o mistério de só se encontrarem no Carnaval e nunca se encontrarem no clube, no resto do ano. Ela morava no interior, vinha visitar uma tia no Carnaval, a tia é que era sócia. — Ah. Foi o ano em que ele preferiu ficar com a sua turma tentando encher a boca das meninas de confete, e ela ficou na mesa, brigando com a mãe, se recusando a brincar, o queixo enterrado na gola alta do vestido de imperadora. Mas quase no fim do baile, na hora do Bandeira Branca, ele veio e a puxou pelo braço, e os dois foram para o meio do salão, abraçados. E, quando se despediram, ela o beijou na face, disse “Até o Carnaval que vem” e saiu correndo.

No baile do ano em que fizeram 13 anos, pela primeira vez as fantasias dos dois combinaram. Toureiro e bailarina espanhola. Formavam um casal! Beijaram-se muito, quando as mães não estavam olhando. Até na boca. Na hora da despedida, ele pediu:

— Me dá alguma coisa.
— O quê?
— Qualquer coisa.
— O leque.

O leque da bailarina. Ela diria para a mãe que o tinha perdido no salão.

No ano seguinte, ela não apareceu no baile. Ele ficou o tempo todo à procura, um havaiano desconsolado. Não sabia nem como perguntar por ela. Não conhecia a tal tia. Passara um ano inteiro pensando nela, às vezes tirando o leque do seu esconderijo para cheirá-lo, antegozando o momento de encontrá-la outra vez no baile. E ela não apareceu. Marcelão, o mau elemento da sua turma, tinha levado gim para misturar com o guaraná. Ele bebeu demais. Teve que ser carregado para casa. Acordou na sua cama sem lençol, que estava sendo lavado. O que acontecera?

— Você vomitou a alma — disse a mãe.

Era exatamente como se sentia. Como alguém que vomitara a alma e nunca a teria de volta. Nunca. Nem o leque tinha mais o cheiro dela. Mas, no ano seguinte, ele foi ao baile dos adultos no clube — e lá estava ela! Quinze anos. Uma moça. Peitos, tudo. Uma fantasia indefinida. — Sei lá. Bávara tropical — disse ela, rindo. Estava diferente. Não era só o corpo. Menos tímida, o riso mais alto. Contou que faltara no ano anterior porque a avó morrera, logo no Carnaval. — E aquela bailarina espanhola? — Nem me fala. E o toureiro? — Aposentado. A fantasia dele era de nada. Camisa florida, bermuda, finalmente um brasileiro. Ela estava com um grupo. Primos, amigos dos primos. Todos vagamente bávaros. Quando ela o apresentou ao grupo, alguém disse “Píndaro?!” e todos caíram na risada. Ele viu que ela estava rindo também. Deu uma desculpa e afastou-se. Foi procurar o Marcelão. O Marcelão anunciara que levaria várias garrafas presas nas pernas, escondidas sob as calças da fantasia de sultão. O Marcelão tinha o que ele precisava para encher o buraco deixado pela alma.

Quinze anos, pensou ele, e já estou perdendo todas as ilusões da vida, começando pelo Carnaval. Não devo chegar aos 30, pelo menos não inteiro. Passou todo o baile encostado numa coluna adornada, bebendo o guaraná clandestino do Marcelão, vendo ela passar abraçada com uma sucessão de primos e amigos de primos, principalmente um halterofilista, certamente burro, talvez até criminoso, que reduzira sua fantasia a um par de calças curtas de couro. Pensou em dizer alguma coisa, mas só o que lhe ocorreu dizer foi “pelo menos o meu tirolês era autêntico” e desistiu. Mas, quando a banda começou a tocar Bandeira Branca e ele se dirigiu para a saída, tonto e amargurado, sentiu que alguém o pegava pela mão, virou-se e era ela. Era ela, meu Deus, puxando-o para o salão. Ela enlaçando-o com os dois braços para dançarem assim, ela dizendo “não vale, você cresceu mais do que eu” e encostando a cabeça no seu ombro. Ela encostando a cabeça no seu ombro.

Encontraram-se de novo 15 anos depois. Aliás, neste Carnaval. Por acaso, num aeroporto. Ela desembarcando, a caminho do interior, para visitar a mãe. Ele embarcando para encontrar os filhos no Rio. Ela disse “quase não reconheci você sem fantasias”. Ele custou a reconhecê-la. Ela estava gorda, nunca a reconheceria, muito menos de bailarina espanhola. A última coisa que ele lhe dissera fora “preciso te dizer uma coisa”, e ela dissera “no Carnaval que vem, no Carnaval que vem” e no Carnaval seguinte ela não aparecera, ela nunca mais aparecera. Explicou que o pai tinha sido transferido para outro estado, sabe como é, Banco do Brasil, e como ela não tinha o endereço dele, como não sabia nem o sobrenome dele e, mesmo, não teria onde tomar nota na fantasia de falsa bávara…

— O que você ia me dizer, no outro Carnaval? — perguntou ela.
— Esqueci — mentiu ele.

Trocaram informações. Os dois casaram, mas ele já se separou. Os filhos dele moram no Rio, com a mãe. Ela, o marido e a filha moram em Curitiba, o marido também é do Banco do Brasil… E a todas essas ele pensando: digo ou não digo que aquele foi o momento mais feliz da minha vida, Bandeira Branca, a cabeça dela no meu ombro, e que todo o resto da minha vida será apenas o resto da minha vida? E ela pensando: como é mesmo o nome dele? Péricles. Será Péricles? Ele: digo ou não digo que não cheguei mesmo inteiro aos 30, e que ainda tenho o leque? Ela: Petrarco. Pôncio. Ptolomeu…

Eu sei é um doce te amar
O amargo é querer-te pra mim

Condicional, Rodrigo Amarante.

19.10.05

Cortei

Desfiado
entre pescoço
e ombro.

11.10.05

Frustrações, decepções e euforias




Tenho grandes frustrações e decepções.
Tenho grandes euforias. Amo e odeio apaixonadamente.

Uma vida intensa, difícil, saborosa!
Acho a vida uma grande aventura.
Espero que os idiotas me compreendam.

Samuel Rawet


http://www.olhares.com/movida/foto359746.html

Conto.

See You Soon

De repente, a porta se abriu. Paul já não agüentava mais aquela angústia de ficar esperando Claire todas as noites, estava ficando insuportável. Mas ele sabia que não adiantaria reclamar, ela o ignoraria. Para Claire não havia nada melhor do que se sentir livre pichando as ruas de New York, após trabalhar 8 horas na lanchonete da esquina.
O ato de pichar mesmo não era o que mais a impulsionava, afinal nem sabia manusear direito o spray, o que na verdade a estimulava era o imenso prazer que sentia ao ficar observando no dia seguinte as reações das pessoas que passavam em frente às pichações. Umas olhavam assustadas, outras, não seguravam a gargalhada, e outras ainda, balançam a cabeça, às vezes concordando, noutras não.


Desde pequena, ela gostava muito de política, seu pai fora hippie e militante comunista durante a Guerra do Vietnã e com certeza isso influenciou muito na sua personalidade. Claire sempre questionava os professores, impunha sua opinião nas aulas de História e Sociologia e não agüentava se relacionar com pessoas que preferiam acatar às regras da sociedade a dizerem o que realmente queriam.

No entanto, ao se formar em jornalismo, ela conheceu Paul. Namoraram durante 8 meses e, como ele tinha uma boa situação financeira, se casaram. Claire se apaixonou desde quando o viu pela primeira vez, sentado na lanchonete. Paul fazia um tipo sério, intelectual e estava sempre com um livro que revelava que seus gostos eram parecidos.

Ela, no entanto, sofreu uma decepção com o passar dos anos. Paul era somente uma máscara, nunca se interessou mesmo por política e nem com questões sociais. Sempre fora bajulado por seus pais, empresários riquíssimos, e só fingia ser um revolucionário para conquistar amigos. Quando conheceu Claire ficou muito feliz por sua tática ter dado certo e, inocentemente, acreditou que não a decepcionaria e com ela poderia até aprender a gostar desse lado, como ele mesmo dizia, obscuro.

Mas quando Claire percebeu essa farsa do marido, conversou com ele e resolveram que cada um teria que respeitar os respectivos modos de vida e as ideologias. Paul, que amava muito Claire, aceitou.
Depois de um mês vendo sua mulher escrevendo para o jornal alternativo da cidade, com propostas polêmicas, pichando as ruas de New York, e uma vez ou outra chegando em casa reclamando de algum cliente que mais parecia um boneco, pois não sabia nem ao menos que o país só teve uma constituição; Paul se cansou.


Esperou que Claire tomasse seu banho, lesse o jornal do dia e fosse dormir. Quando apagou o seu último cigarro, Paul se levantou do sofá, pegou sua mala que já estava pronta, as chaves do carro e partiu.

Não deixou nem ao menos um bilhete, não saberia ao certo o que dizer, na verdade, estava se sentindo um covarde. Foi direto para New Jersey, onde seus pais moravam. Ao chegar, sua mãe veio correndo, lhe deu milhões de beijos e, finalmente, disse:
-Até que enfim, meu filho! Você abriu seus olhos! Sabia que não ia agüentar conviver com aquela louca!Paul ignorou o que sua mãe havia lhe dito e foi direto abraçar seu pai. Pegou sua mala e entrou em casa. Quando chegou no quintal, viu que estava tendo uma festa para comemorar o primeiro aniversário da cadela que sua mãe havia ganhado de seu pai. Toda as socialites de New Jersey estavam presentes e, estranhamente, Paul sentiu um nojo daquilo tudo.


Foi direto para o seu quarto, deitou-se e pensou em Claire. Mas enfim, estava ciente de que não daria mais certo e que teria que esquecê-la. Tomou um banho e desceu para dar uma assistência à mãe. Chegando lá, viu que alguns amigos seus de infância haviam chegado. Sentou-se na mesa com eles, e conversaram durante longas horas. Anni era uma das garotas mais lindas do colégio e hoje estava casada. Era uma pessoa extremamente volúvel e submissa, isso fez com que Paul pensasse em Claire novamente. Depois de 4 horas sentado, Paul começou a se sentir mal, como se tudo aquilo fosse uma perda de tempo. Disse aos seus amigos que estava cansado da viagem e precisa se deitar. Foi para o seu quarto e pegou sua mala.
Claire não dormiu durante a noite, não conseguia parar de pensar em Paul. No dia seguinte, 9h da manhã, a campanhia tocou.

Previsão do dia.


previsão do dia: olhar perdido procurando algo indefinido, passar horas ouvindo The Blowers Daughter, sentir, sentir, sentir, pensar, pensar, pensar...
rolar na cama até
e-s-q-u-e-c-e-r.
ou
fingir que
e-s-q-u-e-c-i.

http://www.olhares.com/foto356588.html

l> sentimental - los hermanos
brincando de fingir.

Garota de emoções instáveis

Neste momento estou entre quatro paredes...e olho pra mim. Às vezes, me acho pior do que sempre disseram que sou. Não gosto do meu cabelo e dos meus dedos, muito menos da minha batata da perna. Acho minha voz chata e meus gestos inconvenientes. No entanto, penso e paro...penso mais um pouco e paro novamente. E, nesse impasse, VIVO. Tenho medo de mim, medo das minhas angústias, dos meus sonhos, dos meus passos...medo até mesmo dos meus medos. Isso porque sou duas em uma ou uma em duas, como queiram... -afinal, a ordem dos fatores não altera o produto- . Ao mesmo tempo em que me derreto de tanto chorar, caio na risada. Ao mesmo tempo em que abro um sorriso, fecho a cara. Finjo conquistar as pessoas e elas, coitadas, acabam participando desse jogo sem imaginarem a furada na qual estão entrando. No entanto, me estrepo ao me relacionar, uma vez que ao fingir que amo, acabo amando.

E, enquanto minha personalidade atravessa essa crise, estranhamente sinto-me como uma flor nua... serena. O que se justifica a partir do momento em que me encontro como um enigma, mas ao mesmo tempo, como um simples abecedário. Nesse exato instante, consigo enxergar a vida por meio de uma lente cristalina, a qual me permite ver a cor dos olhos dos pardais, os quais insistem em posar no meu colo. Como diz Manoel de Barros: "Eu vejo a voz dos passarinhos...". Percebo também que onde imaginei que houvesse lindas orquídeas é infestado por espinhos. E choro, choro muito por ter deixado tantos sofrerem por erros cometidos por mim. Entretanto, noto ainda que pelo meu caminho há flores...infindas! E assim, saio colhendo todas elas e todas as estrelas do céu!

Mas em meio a essa felicidade instantânea, caio em mim. Sinto vontade de chorar no colo de alguém. Olho para os lados e meus olhos nada encontram... Assim, acabo chorando em meu próprio colo. Depois, enxugo minhas lágrimas e começo a acreditar que talvez há uma certa magia na ilusão, mesmo que me apontem como ingênua, infantil. Afinal, todos vivem em um mundo ilusório. Isso porque não existem certezas sobre o amanhã e, também, se existissem que graça teria viver?

Contudo, em devaneios penso pela última vez, pois percebo que é melhor parar de pensar... assim como é melhor vc parar de ler...

The blowers daughter, Damien Rice





And so it is
Just like you said it would be
Life goes easy on me
Most of the time
And so it is
The shorter story
No love, no glory
No hero in her sky

I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off youI can't take my eyes...

And so it is
Just like you said it should be
We'll both forget the breeze
Most of the time
And so it is
The colder water
The blower's daughter
The pupil in denial

I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes...

Did I say that I loathe you?
Did I say that I want to
Leave it all behind?

I can't take my mind off of you
I can't take my mind off you
I can't take my mind off of you
I can't take my mind off you
I can't take my mind off you
I can't take my mind...
My mind...my mind...
'Til I find somebody new

então...

Por que tem que ser assim?! A gente vai, se dedica, apaixona, se dispõe a oferecer tudo de ótimo pra uma pessoa e de repente... . (ponto)

Não, ninguém terminou comigo recentemente, quer dizer, na verdade não sei. Tenho uma péssima (?) mania de sair fora dos relacionamentos quando sinto que estou gostando e não estou sendo correspondida (isso estando explícito ou não). Então, nunca dá pra saber direito quem terminou com quem.
E não me pergunte se isso é bom ou ruim, não sei.

Só sei que depois de algumas experiências acumuladas e após assitir Closer, já não creio mais tanto em relaciona-mentos. No entanto, ainda sinto uma "coisa" quando ouço The Blower´s Daughter do Damien Rice.

Na verdade, só sou uma pessoa apaixonada pela vida, pelos olhares trocados entre "estranhos", pelos toques "sem querer", enfim.

Vejo e sinto magia.

Será que alguém ainda vai compreender isso?!

---

Discurso de pessoa que sente demais, que ama demais?!
É isso mesmo.

l> the blower´s daughter - damien rice
des-crente.

9.10.05

See you soon, Coldplay



So you lost your trust,
And you never should have,
you never should have,
But don't break your back,
If you ever see this,
Don't answer that.

postsecret.blogspot.com

di-gerindo.

então, será que deveríamos nos trancar para sempre?!
quietos, no canto, sem falar, sem sentir?!
um absurdo?! talvez, mas creio que seria bom não me interessar mais por "adoráveis cafajestes".

tô cansada de ficar com o calcanhar doendo e com o lado direito do rosto enrugado, de ficar imaginando milhares de situações.

cansada,
muito
c.a.n.s.a.d.a.

l> love in an elevator - aerosmith (steven tyler...ui!)
engasgada.

8.10.05

Mulher

O mistério da mulher está em cada afirmação ou abstinência, na malícia das plausíveis revelações, no suborno das silenciosas palavras.
Henriqueta Lisboa

Fotosite - portfólio de Flor Garduño.


Qual é você?

1. Personalidade psicopática

Autores psicanalíticos consideram a Psicopatia como sendo uma síndrome de Narcisismo Maligno. A estrutura de tipo narcisística do psicopata teria as seguintes características: auto-referência excessiva, grandiosidade, tendência à superioridade, exibicionismo, dependência excessiva da admiração por parte dos outros, superficialidade emocional, crises de insegurança que se alternam com sentimentos de grandiosidade. Portanto, dentro das relações de objeto (com os outros), seria intensa a rivalidade e inveja, consciente e/ou inconscientemente, refletidas na contínua tendência para exploração do outro, incapacidade de depender de outros, falta de empatia para com outros, falta de compromisso interno em outras relações.


2. Personalidade histérica


O transtorno histriônico de personalidade, ou histeria, é caracterizado por um comportamento colorido, dramático e extrovertido que se apresenta sempre exuberantemente. Os histriônicos tendem a exagerar seus pensamentos e sentimentos, apresentam acessos de mau humor, lágrimas e acusações sempre que percebem não serem o centro das atenções ou quando não recebem elogios e aprovações. Freqüentemente animados e dramáticos, tendem a chamar a atenção sobre si mesmos e podem, de início, encantar as pessoas com quem travam conhecimento por seu entusiasmo, aparente franqueza ou capacidade de sedução. Tais qualidades, contudo, perdem sua força à medida que esses indivíduos continuamente exigem o papel de "dono da festa", manifestando pronunciados traços de vaidade, egocentrismo, exibicionismo e dramaticidade. No afã de representar um papel que lhes é negado pela vida ou por suas próprias limitações pessoais, os histriônicos fazem teatro para si e para todos os demais, a sua grande platéia. Pode haver fases onde eles já não sabem onde termina a realidade e começa a fantasia, passando a acreditar em seus próprios mitos e em suas próprias encenações.

3. Personalidade borderline

As pessoas com transtorno borderline da personalidade são simpáticas e agradáveis aos outros, mas se comportam de maneira totalmente diferente com as pessoas de sua intimidade. São explosivas, agressivas, intolerantes, irritáveis, com tendência a manipular pessoas.... Somada à impulsividade, há perturbação variável da auto-imagem, dos objetivos e das preferências internas, inclusive a sexual. O paciente borderline freqüentemente se queixa de sentimentos crônicos de vazio. Há sempre uma propensão a se envolver em relacionamentos intensos mas instáveis, os quais podem causar nessas pessoas repetidas crises emocionais. Embora o borderline mantenha condutas até bastante adequadas em grande número de situações, ele tropeça escandalosamente em certas situações triviais e simples. O limiar de tolerância às frustrações é extremamente suscetível nessas pessoas.

3. Personalidade ansiosa


Os critérios para o diagnóstico do paciente com transtorno ansioso da personalidade são: a) sentimentos persistentes e invasivos de tensão e apreensão; b) crença constante de ser socialmente inepto, pessoalmente desinteressante ou inferior aos demais; c) preocupação excessiva em ser criticado ou rejeitado em situações sociais; d) relutância em se envolver com pessoas, a não ser quando absolutamente certo de ser apreciado; e) restrições ao estilo de vida devido à necessidade de segurança física; f) evitação de atividades sociais e ocupacionais que envolvam contato interpessoal significativo por medo de opiniões a seu respeito.

4. Personalidade obsessivo-compulsiva

Os critérios para diagnóstico do transtorno de personalidade obsessivo-compulsivo podem ser agrupados da seguinte forma: a) sentimentos de dúvida e cautela exagerados; b) preocupação com detalhes, regras, listas, ordem, organização e esquemas; c) perfeccionismo que interfere na conclusão de tarefas; d) escrupulosidade excessiva com a produtividade, concomitante à quase exclusão do prazer; e) aderência excessiva a algumas convenções sociais; f) inflexibilidade, rigidez e teimosia; g) insistência para que os outros se submetam aos seus conceitos de valor em relação à maneira de fazer as coisas; h) evitam tomar decisões acreditando haver sempre outras prioridades; i) falta de generosidade e de sentimentos de compaixão e tolerância para com os outros; j) dificuldade em descartar-se de objetos usados.

5. Personalidade esquizóide

Este tipo de distúrbio é verificado em pessoas que exibem um padrão de afastamento social persistente, um constante desconforto nas interações humanas, uma excentricidade de comportamento e pensamento, isolamento e introversão. O esquizóide nos dá a impressão de desinteresse, reserva e falta de envolvimento com os acontecimentos cotidianos e com as preocupações alheias, normalmente ele tem pouca necessidade de vínculos emocionais. Este tipo de personalidade reflete interesses na solidão, em trabalhos solitários e em atividades não-competitivas. Por outro lado, estas pessoas são capazes de investir grande energia afetiva em interesses que não envolvam seres humanos e podem ligar-se muito aos animais.

6. Personalidade paranóide

A característica essencial deste distúrbio é uma tendência global e injustificável para interpretar as ações das pessoas como deliberadamente humilhantes ou ameaçadoras. Quase sempre há uma crença de estar sendo explorado ou prejudicado pelos outros de alguma forma e, por causa disso, a lealdade e fidelidade das pessoas estão sendo sempre questionadas. O portador deste distúrbio de personalidade pode interpretar acontecimentos triviais e rotineiros como humilhantes e ameaçadores, desde um erro casual no saldo bancário, até um cumprimento não efusivo podem significar atitudes premeditadamente maldosas. Há uma sensibilidade exagerada às contrariedades ou a tudo que possa ser interpretado como rejeição, uma tendência para distorcer as experiências, interpretando-as como se fossem hostis ou depreciativas, ainda que neutras e amistosas. Estas pessoas podem sentir-se irremediavelmente humilhadas e enganadas, conseqüentemente agressivas e insistentemente reivindicadoras de seus direitos. Supervalorizam sua própria importância, as suas idéias são as únicas corretas e seus pontos de vistas não devem ser contestados, daí a facilidade em conquistar inimigos e a tendência em pensamentos auto-referentes. São desconfiadas, teimosas, dissimuladoras e obstinadas, vivem numa solidão freqüentemente confundida com timidez, como se não houvesse no mundo pessoas com quem pudessem partilhar sua prodigalidade, dignidade e seus sentimentos elevados. As pessoas com transtorno paranóide da personalidade são extremamente sarcásticas em suas críticas, irônicas ao extremo nos comentários e contornam as eventuais situações constrangedoras recorrendo a artimanhas teatrais e chantagens emocionais. Não toleram críticas dirigidas a sua pessoa e qualquer comentário neste sentido é entendido como declaração de inimizade. Gostam de fantasiar mas têm dificuldades em distinguir a fantasia da realidade. Pessoas com estes distúrbios são hipervigilantes e tomam precaução contra qualquer ameaça percebida.

7.10.05

Nheeeec

porta fechada
ou
porta aberta
.
.
resolva!

l> por onde andei - nando reis
aperta.

a-paixonar.


Você já esteve apaixonado alguma vez? Horrível não é? Isso te faz tão vulnerável. Isso abre seu peito e abre seu coração e isso significa que alguém pode entrar lá dentro e te bagunçar todo. Você constrói todas essa defesas, você constrói uma armadura completa, para que nada possa te machucar, então uma pessoa estúpida, Igual a qualquer outra pessoa estúpida, entra na sua vida estúpida... Você dá a ela um pedaço de você. Que ela nem pediu. Ela fez algo idiota um dia, como te beijar ou sorrir para você, então sua vida deixa de ser sua. O amor faz reféns. Ele entra dentro de você. Ele te devora e te deixa chorando na escuridão, uma frase tão simples como "talvez nós deviamos ser apenas amigos" se transforma em uma farpa de vidro que vai afundando cada vez mais no seu coração. Isso dói. Não apenas na imaginação. Não apenas na mente. é uma dor da alma, um verdadeiro entra-dentro-de-você-e-te-faz-em-pedaços tipo de dor. Eu odeio o amor.

Neil Gaiman 1960 -

Blogando

eu blogo
tu blogas
ele bloga
nós blogamos
vós blogais
eles blogam

l> fico assim sem você - adriana calcanhoto
sentindo.