19.1.10

para Anna

Ontem eu procurei... mapas, revistas, catálogos, agendas, jornais. Mas não encontrei nenhum rastro além de notícias passadas que fazem parte de lugar nenhum, ou melhor, que agora já não fazem parte de lugar nenhum. Eu não quero viver em suas memórias truncadas, em seus gostos não definidos. Eu gosto e prefiro o cheiro da cortina que vai ser instalada naquele espaço que nunca irei, nunca serei convidada. 

Não faço parte de restos, nem de consolos, muito menos de histórias mal contadas.

Ah! O quanto me cabe de espontaneidade quando me sinto aqui, enrolada na cama pequena, grande, minúscula. Por quantos amores você já passou? Por quantas vidas? Eu? Por várias. Se lembra, Fabrício, dos sonhos perpendiculares que caíam sobre nossas cabeças? Não? Eu me lembro e os guardo aqui, não me dói, gosto de lembrá-los, eu vibrei assim como você. Fomos juntos até mesmo naquela teimosia cremosa de achar que tudo poderia ser mais colorido. E sim, era comestível.

Sim, sem mais perguntas, meritíssimo, pode continuar com seu discurso, mas antes, por favor, me diga onde é a saída.

Às vezes, Anna, é preciso nos resguardar e não tem segredo, mas não conte a ninguém.


Um abraço,

Teresa.

13.1.10

sobre o vazio

Rabiscou frases, muitas, algumas com muitas palavras, outras monossilábicas. Sabia que essa vontade engasgada de chorar poderia lhe dizer muita coisa ou nada, estava se testando.

Não queria ter que precisar dizer tudo aquilo que sentia, algumas coisas não precisam e nem tem como serem ditas. Assim, ia guardando no álbum tanta coisa e nada ao mesmo tempo.