5.1.08

Ele olhava para Ana como se nada mais existisse ao redor dos dois. Nada mais, ninguém mais. Deliciava-se com o balançar suave dos castanhos fios que emolduravam aquele rosto. E o sorriso naqueles lábios tão doces o faziam ter a certeza de que ali era o local certo para estar; durante quanto tempo? Não sabia e não queria saber, o importante era estar ali. Só isso. Porque existem momentos que valem por uma vida toda, pensou. Como Ana era linda, cada gesto que ela ensaiava o deixava ainda mais apaixonado, ainda mais vivo. Era tudo tão delicado que tinha medo de fazer muito barulho. Um amor conta gotas, pensava. Ana era o realizar sonhos, o encontrar sabores nas esquinas. Ana era aquele cheiro de bolo quentinho que flutuava na fantasia da sua cabecinha durante a infância quando via a mãe abrir o forno. Não queria mais sair dali, não queria mais se despedir de Ana. Tinha medo de ficar longe da mulher que sonhava em ser sua pra sempre, por mais ingênuo e inocente que esse pensamento o caracterizava. Mas sabia que quando estavam longe era gostoso sentir a saudade segura. A certeza de que ainda não tinha sequestrado todo o gosto daquela pele o fazia feliz, o fazia querer mais, sempre mais. Quando Ana vinha em sua direção, percorria seus olhos por todo aquele corpo que parecia flutuar sobre o chão. As curvas dos seios provocavam desejos pecaminosos e leves como a brisa do mar enorme. Sentia seu corpo pulsar ao tocar no sexo de Ana, nas coxas de Ana, no rosto de Ana. E enquanto se beijavam sentiam o relar dos corpos um sobre o outro. Ele puxava os cabelos de Ana, mordia os ombros da mais pura cor. Tocava os seios que sempre o excitavam e sentia que Ana estava totalmente entregue. Ana era pura nos seus pecados. E depois do deslizar dos corpos, se encontravam exaustos. Ele apoiava suavemente a cabeça da sua amada nos seus ombros. Fechava os olhos. A certeza de que tinha que estar ali.