22.4.08

para sempre é tanta coisa.

5.4.08

motivo.

o cotidiano já fora motivo de medo; ficava receosa em como lidar com as horas, em como seria quando acordasse e tivesse que escolher a roupa, tomar café e sair correndo; e se esquecesse de colocar o lixo na lixeira em frente ao seu prédio sabia que ia viver alguns minutos, dessas tantas horas, irritada. e se quando entrasse no carro descobrisse que a gasolina estava no finalzinho e não ia dar pra chegar no trabalho; apelar para ônibus, quando o táxi era caro para o seu mísero salário, era demais para aqueles sapatos de camurça. e depois de sempre muito pensar sentia que não tinha nascido pra viver - afinal, o tom dramático costumeiro não poderia faltar. mas hoje quando ela escuta o roncar das chaves... durante o banho se tornava um pouquinho otimista, talvez fosse a água quentinha, e pensava em como seria bom quando, depois que chegasse do cotidiano, tomasse banho. mas hoje a água tem que ser morna... será que um dia teria que procurar um terapeuta para destressar e exorcizar demônios? o melhor, talvez, fosse fazer um exercício, voltar a malhar... mas e o tempo?! durante qual pedaço do cotidiano poderia encaixar, no mínimo, uma hora de academia? concluía sempre que ia morrer de um ataque no coração causado por estresse - mas não era descendo escadas? mas hoje o coração... hoje o coração é vermelho sangue e quando escuta o roncar das chaves... ah! o banho não seria melhor quente, nem mesmo quando ele insiste em colocar quase gelado. hoje... hoje faz quase um ano que aquele cotidiano era gostoso de se viver, bem devagarzinho. e pegar o ônibus, tomar chuva... ah! a espera de se encontrar com ele.