22.4.07

Tinha 10 anos. Era uma criança com os olhos grandes e atentos para cada passo dos dias. Gostava de observar os cantos das paredes, gostava de sentir cheiros, gostava de ficar de bananeira e enxergar tudo de cabeça pra baixo. Sua mãe sempre referia a ele como um menino quieto, calmo e que "só fica com os olhinhos bem abertos".

Tinha 10 anos. Menina bonita do cabelo encaracolado. Sempre que podia se soltava das mãos da sua mãe pra poder andar sozinha. Pra poder tatear pedaços de vida. Gostava de sentir gostos: amargo, verde, doce, preto, vermelho, amarelo, azedo. Se levava um tombo contava até 10 e começava a rir. O pequeno mundo dela, o pequeno viver, o pequeno sentir.

Eles tinham 20 anos. Aquele teatro era enorme, ela estava atrasada. Ele, sozinho, observava os cantos das paredes. Ela vinha correndo e, sem querer, se esbarrava nas pessoas. Se pedia desculpas? Não tinha tempo. Foi quando ele resolveu se sentar. Olhou para sua poltrona e enquanto estava indo em direção a ela:

- Oi. Me desculpe, me esbarrei sem querer. Tô atrasada para o espetáculo, sabe como é, né?! Mulher sempre atrasa e...

- A mulher mais linda.

21.4.07

sss.

o êxtase ao cerrar os pequenos olhos grandes de menina. vai, respira fundo.

sua.

cada toque por entre os dedos.

sua.

e pensar que acreditar na felicidade não dói. nada.

sua.
só.
sua.

14.4.07

onze de abril.

agite antes de usar.

ps: risco de incêndio.

naquela caixinha de fósforos... tão pequenininho.
a felicidade sutilmente escancarada.

4.4.07