31.12.07

E depois de muito enrolar, jogar Age Of Empires, ficar assistindo tv ou só mudando de canal, lendo besteiras na internet, ensaiar pra ler um livro ou outro, mas sempre ser vencida pela preguiça, me peguei lendo o Budapeste, do Chico. Não, não tinha lido ainda e confesso que nunca senti uma vontade de lê-lo, mas daquelas vontáááádes mesmo; isso porque gosto de ler livro que antes mesmo de abrir a página eu já sinta um cheirinho gostoso... e Budapeste nunca me apeteceu, nem o livro e nem a cidade. Bom, mas depois de muito enrolar nesses dias super chatos e parados; cá estou me aventurando no livro e na cidade. Muito, muito bom. Sei que ainda nem passei da página 40, mas se o livro me dá vontade de escrever é porque eu sei que vai ser bom quando eu chegar na contracapa. E é isso, estou com vontade de escrever. Sobre o quê? Ai, já pensei em tanta coisa, até mesmo no cd novo da Britney Spears, Blackout, que é perfeito; mas não...é tão perfeito que até dispensa comentários. E, pois é... eu falando de Britney... estranho, né?! Eu também nunca achei que pudesse me render à princesinha do pop, assim como me rendi ao Justin... príncipe do pop?! Enfim... Bom, será então que eu escrevo sobre o monte de coisa que mudou em 2007? Mas aí eu ia cair no óbvio, afinal, fim de ano é sempre assim... todo mundo faz aquele balanço do que fez no ano que passou e programa mil coisas pro ano que vai chegar. E, claro, que eu também programo... mas não vou falar, primeiro que é coisa particular e segundo que eu iria cair no óbvio, de novo. Bom, mas qual o problema de cair no óbvio? Sei lá. O que eu sei é que esse texto ta com muito mais cara de crônica do que qualquer outra coisa.... e confesso que eu queria era escrever um conto bem bonito, sabe?! Tem tanto tempo que não escrevo e isso é uma coisa que me deixa triste, na verdade... E não tem nenhum motivo, só não dá vontade de escrever. Bom, mas 2007 passou... e eu tô aqui morrendo de saudade das minhas meninas que não vejo desde o carnaval. Agora vou voltar a ler o livro. Espero voltar aqui com mais frequência.

30.12.07

diário.

me dei férias até dia 02.
depois eu penso como vou me organizar até o fim de janeiro.
cansada de ficar de molho.

18.12.07

erick ricco.
responsável por um dos momentos mais felizes da minha vida.

*porque parece que nada no mundo consegue expressar a explosãozinha que sinto.

12.12.07

e talvez nossa conjuntura esteja naquilo que se esconde e, ao mesmo tempo, é tão óbvio (pelo menos em mim). na verdade, eu não quero saber nada de vc. quero te descobrir aos poucos, nos segundos infinitos que nos são permitidos. quero isso mesmo que não pareça esse meu querer, mesmo que pareça que quero te devorar em pequenos instantes e te levar pra morar dentro de mim. se bem que, na verdade, eu não sei de nada. e esse não saber me move, me consome e me permite a ilusão. depois de pensar pensar pensar, o não pensar é o estado de êxtase. esse é a minha parte calada, o meu eu meu que nem eu mesma conheço direito.

10.12.07

- e se eu me apaixonasse por você?
- as horas.
- quantas?
- são muitas.
- como assim?
- ...
- ...
- e se você se apaixonasse por mim?
- ...
- ...
- não sei quantas horas.
- apaixonasse...
- por você.
- por mim.
- não sei.
- e se eu te amasse?
- talvez.
- são tantas horas...
- tão poucas.
- poucas.

4.12.07

tenho ciúmes das horas...

16.11.07

tudo era apenas uma brincadeira e
foi crescendo, crescendo, me absorvendo
e de repente me vi, assim, completamente seu.

a poesia, sim, fez florir em minha vida.
ficar longe de você, realmente, não dá.

13.11.07

eram tantos moços e moças naquele lugar... ele cheirava cada cheiro pensando ser o gosto verde do cabelo colorido dela. eram tantas moças...tantos moços...nenhumas moças... ela. dedilhava levemente os finos pescoços para depois ver se era gosto do fino pescoço dela. ela. sambava ela. sorria ela. os seios. olhava com o canto do olho para os seios da moça à esquerda, para os seios da moça à direita, nada ela. até que se pôs cabisbaixo naquele baile de tantas moças e de tantos moços. estava cansado e foi para fora dos aposentos a fim de tomar um ar. uma moça. de costas. vestido preto. os cabelos esvoaçantes. fazia frio e ela se dava os braços para amenizar o clima. ele observou, de longe. ela esperava, longe. foi chegando perto e escutou ela cantando uma música, baixinho, triste. ela esperava. ele.

10.11.07






















precisava de instantes de exílio.

22.10.07

isso é maravilhoso! daquelas coisas que a gente lê e é como se escrevesse:

Vou pesar na sua vida

Como um vaso de flor

De mil mil maravilhas

Novecentas magnólias lindas

Oitocentas margaridas lindas

Setecentas tulipas lindas

Seiscentas violetas lindas

Quinhetas lindas begônias

Quatrocentas papoulas lindas

Trezentas lindas palmas

Duzentas camélias lindas

Cem vitórias-régias

Um cravo

Sandra Penna em http://www2.uol.com.br/edersantos/v_inst.htm

6.10.07

fechar os olhos e lamber o cheiro gostoso da nossa vida.












coração cheio de amor! =)

30.9.07

às vezes a única coisa que quero é escrever alguma coisa...

alguma coisa.

15.9.07

querer a poesia branca por entre os lençóis coloridos.

Te amo por cejas, por cabello, te dabato en corredores blanquísimos donde se juegan las fuentes de la luz,
Te discuto a cada nombre, te arranco con delicadeza de cicatriz
voy poniéndote en el pelo cenizas de relámapago y cintas que dormían en la lluvia
No quiero que tengas una forma, que seas precisamente lo que viene detrás de tu mano,
porque el agua, considera el agua, y los leones cuando se disuelven en el azúcar de la fébula,
y los gestos, esa arquitectura de la nada,
encendiendo sus lámparas a mitad del encuentro.
Todo mañana es la pizarra donde te invento y te dibujo.
pronto a borrarte, así no eres, ni tampoco con ese pelo lacio, esa sonrisa.
Busco tu suma, el borde de la copa donde le vino es también la luna y el espejo,
busco esa línea que hace temblar a un hombre en una
galería de museo.

Además te quiero, y hace tiempo y frío.

eu odeio a argentina. mas amo cortázar.

9.9.07

você é o homem que faz meu coração acordar com gostinho de chocolate.


26.8.07

teoria da imagem.

trabalho feito para a matéria do andré brasil.
imagens a partir de trechos do conto "O Aleph" de Jorge Luis Borges.

by me e erick.

"Felizmente, depois de algumas noites de insônia, agiu outra vez sobre mim o esquecimento."

"...invenção de razões para que a poesia fosse admirável..."

"...imperiosa agonia que não cedeu um só instante nem ao sentimentalismo nem ao medo..."

24.8.07

Já qualquer coisa doida
Dentro mexe.

caetano veloso.

12.8.07

os olhos e os pés. deles.

talvez ela olhasse demais para os pés. seus olhos, tão grandes, se perdiam pelo imenso chão que engoliam aqueles pés, tão pequeninos. e enquanto isso, ele ia contando ao pé do ouvido as aventuras, as tantas risadas, os sonhos. ia contando o bom viver ao lado dela, de olhos tão grandes. e ela, ainda com os tais olhos perdidos, respirava fundo e ao ouvir a voz dele baixinho ia sentindo o cheiro que saia daquele corpo, tão dela; tão dele. nesse instante, pensou `vontade de lamber tudo, lamber com o dedo, igual fazia com as massas de bolo da minha mãe´. se pudesse o lamberia todo, ali, naquela hora, ainda com os tais grandes olhos perdidos. ora, por que perdidos? talvez fossem grandes demais, não sabia. mas achava bom ter um pouco de perdido, achava que isso o instigava, o fazia querer ainda mais ficar com ela, talvez porque ele gostasse um pouco de mistério, não sabia. ele era grande, iguais aos olhos dela?! sim, e tinha olhos maiores ainda. olhos esses que olhavam os olhos dela sem piscar. ela, delicada, talvez até demais; chata? às vezes; ela sentia o sentir, engolia o sentir, vomitava o sentir. e ele, de olhos tão maiores, não sabia muito como lidar com todo o sentir dela; apesar de ela saber que ele sentia o mesmo tanto; ele que tinha o coração de 7 anos, bonito coração de 7 anos. ele que batia no dente com o polegar direito; ele que ficava com os olhos tão maiores imersos em lágrimas quando ela se calava. ela se calava porque estava com os olhos tão grandes cheios de lágrimas. ela que ficava com os olhos tão grandes imersos em lágrimas quando ele se calava. ele se calava porque estava com os olhos tão maiores cheios de lágrimas. os dois calados com o coração berrando, o coração desesperado; ele com o tal do bonito coração de 7 anos. ele, com a cabeça dela deitada no peito, ela que gostava de se deitar no lado direito da cama, ela que deitava a cabeça no peito direito dele. os pés, aqueles que ela gostava muito de ficar observando, enroscados com os pés, dele.
ah! eles. ela um tanto ele, dele. ele um tanto ela, dela. deles.
talvez ela olhasse muito pr´aqueles pés porque eles se enroscavam, com os dele.

10.8.07

"...
a minha voz tão fosca
brilha por teus lábios bundos
..."

.caetano

25.7.07

"No fundo, poderíamos ser como na superfície - pensou Oliveira - mas seria preciso viver de outra maneira. E o que quer dizer viver de outra maneira? Talvez viver absurdamente para acabar com o absurdo, atirar-se em si mesmo com uma violência tal que o salto terminasse nos braços do outro. Sim, talvez o amor, mas a otherness nos dura o que dura uma mulher, e além disso somente no que toca a essa mulher. No fundo não há otherness, apenas a agradável togetherness. É certo que isso já é alguma coisa..." Amor, cerimônia ontologizante, doadora de ser. E por isso pensava agora o que talvez devesse ter pensado desde o princípio: sem possuir-se não havia possessão da outridade, e quem se possuía realmente? Quem estava de volta de si mesmo, da solidão absoluta que representa não contar sequer com a própria companhia, ter que entrar no cinema ou no prostíbulo ou na casa dos amigos ou em uma profissão absorvente ou no matrimônio para estar pelo menos só-entre-os-demais? Assim, paradoxalmente, o cúmulo da solidão conduzia ao cúmulo do gregarismo, à grande ilusão da companhia alheia, ao homem só na sala dos espelhos e dos ecos. Mas gentes como ele e tantos outros, que se aceitavam a si mesmos (ou que se rejeitavam mas conhecendo-se de perto) entravam no pior paradoxo, o de estar à beira da outridade e não poder alcançá-la. A verdadeira outridade feita de delicados contatos, de maravilhosos ajustes com o mundo, não se podia cumprir a partir de um só termo, à mão estendida deveria responder outra mão vinda do lado de fora, do outro".
.
.
O Jogo da Amarelinha - Julio Cortázar.
*depois de "Grande Sertão" é o livro mais bonito que já li.

nosso.

o borbulhar de estrelas no meu coração.a risada mais gostosa.a saudade mais sentida.o doce mais melado.o banho mais demorado.o respirar mais profundo.o amor mais...mais...

24.7.07

vasculhando meus sonhos escuto o tilintar dos lençóis massageando o belo suave do seu corpo.

9.6.07

hoje...

e hoje eu acordei com saudades: do menino bonito que tá no rio, das amigas bonitas que estão na terrinha ou em sp, do amigo que tá na frança, da amiga que mora no são bento, da amiga que mora no coração eucarístico, da colchinha laranja que eu cheirava enquanto chupava o dedo, da minha avó que morreu, da minha tia que morreu, da minha mãe e do meu pai que estão na cozinha, de brincar de carrinho com meus irmãos, daquela que mora em frente à puc, daquela que se mudou pra rua rio grande do norte, daquele que mora em lourdes, daquela que tá com o namorado em casa.

hoje eu acordei com saudades...

talvez seja porque você não está aqui.

---

e hoje eu sonhei que você tinha pés enormes, mãos enormes. e olhava pra mim com o olhar mais tenro, o olhar mais doce. e ria, como ria, aquela risada gostosa que a infância deixou guardada nos seus sonhos. eu sonhei com você, sonhei que o telefone tocava a cada minuto e era você, era a sua voz... aquela voz que me conquistou quando pegou o microfone. sei que não devia estar falando tudo isso aqui, mas sei lá... tá batendo tão forte, não tem como me segurar. todo mundo que ler vai saber que é pra você, mas enfim, não quero me preocupar com isso; o que importa é o nosso canto, é falar baixinho, catar agorinhas no espaço.

eu sonhei com você.
assim,

acordada.
o tempo todo.

volta.

2.6.07

cores.

arrancou por entre aquele campo as flores mais bonitas e veio dizer a ela o quanto seus pés eram delicados.

sim, tinha um pouco de vergonha de se expressar, afinal, nunca se deu bem nisso. e, por isso, após ter entregado as flores e falado sobre a delicadeza dos pés daquela bela menina, não queria ouvir o que ela pensava sobre sua atitude, não queria nada; se contentou com o sorriso que ela lhe deu, virou-se de costas e partiu.

felicidade maior não existia.

14.5.07

feitO coisa feitA.

6.5.07

Coordenação: Beth Miranda.

Produção/Entrevista:

Thais Pimenta

Taís Moreira

Bruno Palhares

Felipe Isensee

Augusto Barros

Vjing:

Erick Ricco

Canal:

12 da NET e 14 da WAY.



o boulevard do crime - de marcel carné.

... e o amor era tanto que não conseguia se calar: era preciso sentir, gritar, viver.

calado, docemente... calado.

22.4.07

Tinha 10 anos. Era uma criança com os olhos grandes e atentos para cada passo dos dias. Gostava de observar os cantos das paredes, gostava de sentir cheiros, gostava de ficar de bananeira e enxergar tudo de cabeça pra baixo. Sua mãe sempre referia a ele como um menino quieto, calmo e que "só fica com os olhinhos bem abertos".

Tinha 10 anos. Menina bonita do cabelo encaracolado. Sempre que podia se soltava das mãos da sua mãe pra poder andar sozinha. Pra poder tatear pedaços de vida. Gostava de sentir gostos: amargo, verde, doce, preto, vermelho, amarelo, azedo. Se levava um tombo contava até 10 e começava a rir. O pequeno mundo dela, o pequeno viver, o pequeno sentir.

Eles tinham 20 anos. Aquele teatro era enorme, ela estava atrasada. Ele, sozinho, observava os cantos das paredes. Ela vinha correndo e, sem querer, se esbarrava nas pessoas. Se pedia desculpas? Não tinha tempo. Foi quando ele resolveu se sentar. Olhou para sua poltrona e enquanto estava indo em direção a ela:

- Oi. Me desculpe, me esbarrei sem querer. Tô atrasada para o espetáculo, sabe como é, né?! Mulher sempre atrasa e...

- A mulher mais linda.

21.4.07

sss.

o êxtase ao cerrar os pequenos olhos grandes de menina. vai, respira fundo.

sua.

cada toque por entre os dedos.

sua.

e pensar que acreditar na felicidade não dói. nada.

sua.
só.
sua.

14.4.07

onze de abril.

agite antes de usar.

ps: risco de incêndio.

naquela caixinha de fósforos... tão pequenininho.
a felicidade sutilmente escancarada.

4.4.07

27.3.07

...às vezes, não é preciso dizer nada.

21.3.07

Tem dias que acordo com vontade de escrever a tristeza mais doída, o sonho mais impossível, o amor mais angustiado, a dor mais rasgada. Isso sem ligação nenhuma à minha vida pessoal, aos ventos que me trazem e que me levam. Escrevo. Rabisco. Assim como tem dias que acordo com vontade de escrever a felicidade espumante, o sonho deitado no meu colo, o amor singelo, a paz lambuzada.
Hoje acordei... e isso foi só um pretexto.

20.3.07

falar baixinho ao pé do seu ouvido.

18.3.07

´til i find somebody new.

Acordei com saudades do que nunca senti por você. Acordei com saudades do sorriso que eu nunca dei com você. Acordei... acordei e você não estava ao meu lado. A minha cama, tão gigante...e ninguém ali. E de todas as vezes que você esteve ali, na verdade, nunca esteve. Me desculpa se dói, mas é o que eu preciso dizer. Nunca fomos. Nada.

16.3.07

"E eu digo "cá" entre nós
Deixa o verão pra mais tarde"

los hermanos - deixa o verão.
"... vivemos exclusivamente no presente pois sempre e eternamente é o dia de hoje, e o dia de amanhã será hoje, a eternidade é o estado das coisas neste momento."
.
.

clarice lispector.
"Estamos valorizando o que é patológico e a falta de referência, de cultura. Estamos todos comprando um carnê às cegas, em terra de cego. Nunca pensei que pudesse achar razão na brincadeira do Kafunga (o Olavo, goleiro do Atlético): ¨aqui, o errado é que é o certo¨. Considerando a falta de dinheiro, comida, emprego, perspectiva e de melhores candidatos à presidência, talvez o melhor seja mesmo não pensar."
Chico de Paula em texto para o Curta Circuito.
fev/05.

14.3.07

"Pego mais um ovo na cozinha, quebro-lhe a casca e forma. E a partir deste instante exato nunca existiu um ovo. É absolutamente indispensável que eu seja uma ocupada e uma distraída. Sou indispensavelmente um dos que renegam. Faço parte da maçonaria dos que viram uma vez o ovo e o renegam como forma de protegê-lo. Somos os que se abstêm de destruir, e nisso se consomem. Nós, agentes disfarçados e distribuídos pelas funções menos reveladoras, nós às vezes nos reconhecemos. A um certo modo de olhar, há um jeito de dar a mão, nós nos reconhecemos e a isto chamamos de amor. E então, não é necessário o disfarce: embora não se fale, também não se mente, embora não se diga a verdade, também não é necessário dissimular. Amor é quando é concedido participar um pouco mais. Poucos querem o amor, porque o amor é a grande desilusão de tudo o mais. E poucos suportam perder todas as outras ilusões. Há os que voluntariam para o amor, pensando que o amor enriquecerá a vida pessoal. É o contrário: amor é finalmente a pobreza. Amor é não ter. Inclusive amor é a desilusão do que se pensava que era amor. E não é prêmio, por isso não envaidece, amor não é prêmio, é uma condição concedida exclusivamente para aqueles que, sem ele, corromperiam o ovo com a dor pessoal. Isso não faz do amor uma exceção honrosa; ele é exatamente concedido aos maus agentes, àqueles que atrapalhariam tudo se não lhes fosse permitido adivinhar vagamente."
.
.
Clarice Lispector;
Trecho de O ovo e a galinha. Em Felicidade Clandestina.

12.3.07

Enquanto ela rasgava cada pedaço do sentir dele, mastigava um sorriso do lado esquerdo do rosto. Fazia do morder os lábios a sua realização.

Um dia não telefonaria mais e o telefone deixaria de tocar, mas isso já não importava.

por segundos.

aquela paciência, aquele respirar frenético em pequenos intervalos, aquele dom de saber trincar o olhar.

11.3.07

10.3.07

nos guardados.

Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não pára

Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora vou na valsa
A vida é tão rara

Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência

O mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência

Será que é o tempo que lhe falta pra perceber
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saber
A vida é tão rara
(Tão rara)

Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Mesmo quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não pára
(a vida não pára não)

lenine - paciência.

--

resume o meu momento de vida.

8.3.07

a nãocitação.

a gosma que desliza por entre nossos sonhos.

rasga.

6.3.07

"Sejamos realistas, peçamos o impossível". Júlio Cortazar.

Fiquei horas procurando a citação de hoje. Queria que tivesse algo a ver com... com... não sei ao certo, só queria que fosse algo que fizesse uma certa pessoa abrir um sorriso.
Achei algumas bacanas, mas não sei... acho que nenhuma conseguiu embrulhar tudo o que eu estou querendo dizer, ou nem dizer, não sei.
E sim, precisamos de lirismo. De acreditar nesse lirismo. Acreditar.
E, se quisermos, não somos levados pela vida, a gente escolhe, a gente samba, a gente engole, vomita.
Bom, poderia dizer mil coisas pra tentar atingir essa pessoa, mas creio que o calar secreto dos segundos que se passaram enquanto eu dedilhava os cabelos dela... nós sentados naquela lanchonete, aquele dedilhar... é, eu disse muita coisa.

5.3.07

" Se a rasgo não se lida, todo santo dia, com vontade de abrir um adiante, então tudo desmerece, desanda, de pior, pior, pra trás, as coisas ganhas começam a escapulir, vão não estando na mão da gente."

Guimarães Rosa.

4.3.07

"E depois de fazer tudo o que fazem, se levantam, se banham, se entalcam, se perfumam, se penteiam, se vestem, e assim progressivamente vão voltando a ser o que não são."

Júlio Cortázar.

3.3.07

talvez o meu único medo seja aceitar.

28.2.07

ponto.

-

um dia eu volto.

25.2.07

fato.

Já tem mais de meia hora que estou em frente à tela do meu pc pensando sobre o que escrever. Já olhei pros lados, já cocei meus olhos, já fiquei observando os cartazes pregados na minha parede, já... já... Falar sobre o quê?! Que hoje fui ao cinema sozinha ver Babel e saí completamente sem chão, toda bagunçada?! Não, pra quê?! Escrever mais um conto sobre amores imaginários, sobre fantasiadas dores de amor pretérito?! Não. Contar que... er... é, não sei mesmo. Será que se eu contasse sobre minhas aventuras aos 8 anos na pequenina Carmo do Rio Claro vocês iriam gostar?! Não, creio.
Escrever sobre o não escrever?! Er... Acho melhor parar por aqui.
Até porque eu sei que você...
é... eu sei.

22.2.07

todos os caminhos.

"só posso te pedir que nunca se leve tão a sério".






lenine.

19.2.07

amargo marrom.

A trilha sonora era um cd que ela achou perdido por entre tantos guardados. Sentia o respirar do seu corpo se esquentar e coçava os olhos insistentemente. Nas lembranças o calar suave dos sonhos que um dia construiu entremeado com as canções de ninar que sua mãe cantava ao pé de seu ouvido.
Deitou-se naquela cama amarela com lençóis vermelhos. Ainda coçava os olhos, doía. Respirou fundo e virou-se para o lado esquerdo. Com o olhar perdido por entre aquela parede azul, ela se lembrou daquele sorriso. Sentiu doer o calcanhar direito, já não tinha mais porque se lembrar daquele triste sorriso marrom.
Levantou-se, esticou os braços, seus olhos não doíam mais.

14.2.07

ai!

é quando a cabeça começa a pesar

e mastiga e mastiga





e mastiga.

9.2.07

engasgar: verbo intransitivo.

A fumaça do café contornava aqueles lábios grossos e ansiosos. O olhar percorria o rosto masculino que se encontrava na sua frente. Ela escutava, ele falava.
- ...mas então, não imaginava que isso fosse acontecer, entende?! Foi tudo muito rápido e...
- Você mexe muito as mãos enquanto fala.
- Anh?! Er... não tinha pen..
- Não, você não tinha pensado, eu sei. É ansioso?!
- Hmmm..acho que sim.
- Acha?
- Não, eu sou... verdade.
-
-
- Vai pedir outro café?
- Não.
Ele acendeu um cigarro e sim, era ansioso. Ela perdeu o seu olhar daquele rosto e observou as outras duas únicas mesas ocupadas: dois amigos tomando chopp e discutindo alto sobre teatro; um casal que se beijava de 5 em 5 minutos.
- E você, vai pedir outro?
- Não sei.
- É insegura?
- Talvez.
- Talvez?
- Eu te quis naquele dia.
- Anh?
- É, isso mesmo. Foi difícil me conter, por mim teria..
- Roubado um beijo.
- É.
- E por que não fez isso?
- Às vezes tento ser sensata.
- Mas o que isso tem a ver?
- Oras, você acha sensato roubar um beijo ou até mesmo pedir um beijo pra alguém na noite em que se conheceram?
- E que mal há nisso?
- Não sei.
- Você é insegura.
- Talvez.
- É.
- Sou.

7.2.07

i just don´t know what to do with myself.

Senti sua mão passeando pelo meu cabelo enquanto eu fechava meus olhos e mordia meus lábios manchados com sua saliva. O cheiro era amargamente doce e contribuía para cada acelerar da minha respiração. Minhas mãos se perdiam num conflito delicioso entre o rasgar e o tocar. Foi quando me virei e olhei nos seus olhos; pela primeira vez me vi completamente nua. O lamber de seus olhos me instigavam, não me conti: fui me aproximando a fim de sentir seu gosto mais de perto e quanto mais me aproximava, percebia um embrulhar de sentimentos, um não poder apetitoso. Com minha língua explorei seu lábio inferior enquanto sua respiração me desejava. O beijo. O roçar das salivas, o bailar. O beijo.

4.2.07

Líquidos.

Rasgar as palavras esbugalhadas no chão, era isso o que queria. Tantos sonhos se escorriam que ele não tinha mais forças para tomar aquele café amargo. Caídos líquidos pretobranco. O cheiro do suor dela ainda se encontrava por entre aqueles lençóis, antes tão brancos. E enquanto tentava achar soluções insensatas com o olhar passeando pela parede rachada, percebia seus pensamentos perdidos nas lembranças do jeitinho muleca que ela tinha. Talvez o melhor mesmo tivesse sido aquele tchau dobrado embaixo dos leves passos que ela deu antes de fechar a porta. Procurou amassá-la na sua mente a fim de não se pegar mais lambendo o doce sorriso que sempre lhe atormentava quando se sentia sozinho nas madrugadas frias. Mas sabia que as tentativas eram frágeis e inúteis. Ou não. Confuso, era assim que se definia durante os não-saberes do seu dia-a-dia. Mas no meio dessa confusão sagaz e, ao mesmo tempo, tão truncada, sentia um pedaço de paz entre seus dedos brancos da mão direita. Caídos líquidos pretobranco.

29.1.07

Face to Face (2006)

voltei pra belo horizonte e a vida não é mais a mesma.

ainda bem.

-_ um dos melhores vídeos que vi na 10a mostra de tiradentes.


(voltei com o título antigo do blog, é marca registrada).

19.1.07

carlos.

Aquela tensão o corroia por dentro.
Será que a agulha ia doer muito?!
Era preciso atravessar, ele sabia disso.

Sentiu o cheiro, fechou os olhos

e apertou a mão direita.

15.1.07

o lado esquerdo.

Um dia estranho, daqueles que não se consegue pensar o pensável. Talvez já se sentia velha demais. Pegou aquele livro que se encontrava na sua cabeceira, começou a lê-lo, mas o sono não veio. Respirou fundo e fechou os olhos. Estaria arrependida de alguma coisa? Não, não, mas sabia que havia chegado ao limite. Abriu lentamente os olhos e fixou o olhar naquela jaqueta branca pendurada na porta do seu armário: quantas lembranças. No entanto, não queria se lembrar de mais nada e desejou se tornar anônima, desejou ser esquecida. Por todos. Desejou ser esquecida por todos. Fechou os olhos novamente e imaginou uma cidade em que ninguém soubesse seu nome, ninguém soubesse de nada a seu respeito. Fantasiou varias situações e sabia que ele se sentaria naquele café. Afinal, aquela felicidade que ele procurava escancarar em todos os momentos, precisava de instantes de exílio.

Foi quando abriu os olhos e viu que o sol teimava em invadir o seu quarto através de lapsos das cortinas.

13.1.07

o tênis vermelho.

Ela não sabia praticamente nada. Andava assustada pelas ruas olhando para os lados. Era muito nova, sabia disso. Ate que um dia se esbarrou naquele corpo que se cobria com vestes pretas e apresentava suor na testa. Não disseram nada, apenas se olharam. Ela sabia. Ao continuar a caminhar, sentiu uma mão tocando a sua e, num impulso, juntou para si aquela mão delicada e tão feminina. Olhou para trás a fim de saber quem procurava lhe tocar, era ele. Ele sabia. Caminharam juntos durante horas. Foram muitos passos.

Anos se passaram, ela já sabia alguma coisa. Os passos que dava não eram mais ao lado dele, no entanto, seus pés, discretamente, às vezes, tentavam sair em busca daqueles outros pés, os pés dos tênis vermelhos. E lá estava ela, um dia de sol, muito sol. Encostada na parede, embaixo de uma tímida sombra, fumava um dos últimos cigarros do seu maço. Com o olhar perdido, tentava procurar algum sentido naquele céu imenso. Estava cansada de andar, muito cansada. Respirou fundo e se lembrou do moço dos tênis vermelhos. Por onde ele andaria?! Deu mais um trago e tentou se lembrar quantos anos havia se passado. Foi quando sentiu que uma pessoa acabara de sentar ao seu lado. Olhou com o canto do olho e sentiu seu coração explodir. Abaixou mais os olhos e não teve duvida, o tênis vermelho. Mordeu seus lábios e fechou os olhos: “teria ele se cansado de andar também?!”, pensou. E, com os olhos ainda fechados, se lembrou do dia em que se encontraram no cinema depois de terem se prometido nunca mais se tocarem. Ah! Os dois olhando para a telona enquanto suas mãos teimavam em se encontrar. O desejo que pulava, mordia. Abriu os olhos e continuou olhando para frente, fumando o cigarro. Ate que sentiu as mãos dele querendo tocá-la novamente, anos depois. Não disse nada, mas escutou ele dizendo baixinho:

- Estou cansado.

- Eu também.

- Andou muito?

- Demais e você?

- Imagino que o mesmo tanto, ou ate mais, que você.

- Você ainda usa seus tênis vermelhos?

- Você tinha um igual.

- Eu tenho.

Calaram-se. Ele acendeu um cigarro e depois de 3 tragos:

- Com quantos anos você está?

- 25. E você?

- 32.

- Entendo seu cansaço.
- Eu sei disso. Também entendo o seu. Está assim tem muito tempo?

- Não sei, na verdade. E você?

- Há quase 10 anos. Tem quanto tempo que não nos víamos?

- 9 anos e meio.

- Acho engraçado pensar que nunca pude te chamar de minha namorada.

- Não nos demos uma chance.

- Sei que contribui muito com isso, mas quem...

- Não comece a jogar na minha cara, você sabe que eu era nova demais.

-

- Não gostei de nenhuma namorada que você teve.

- Você não conheceu nenhuma, como pode falar isso?

- Olha pra você que vai me entender.

- Não, você está errada, não me cansei por causa delas, foi por mim mesmo.

- Eu também, me cansei por mim.

- A sua cama ainda é a mesma?

- Aham, e a sua?

- Também.

10.1.07

Fernanda.

Aquela porta de madeira antiga a convidava e o olhar daquela mulher admirava cada ferpa que insistia em se fazer presente. Abaixou seus pequeninos olhos e observou a maçaneta: estava toda empoeirada. Suas mãos se coçaram de vontade para se pousarem sob aquele chamariz de ferro e num instante de impulso, ela abriu aquela porta. Uma escada. Olhou para cima a fim de saber para onde aquele monumento de ferro a levaria, mas viu somente o preto. Pensou durante alguns minutos se subiria ou não e sentiu uma curiosidade lhe instigar, mas, ao mesmo tempo, um medo a invadiu. Colocou seu pé direito sob o primeiro degrau e sua mão esquerda sob o corrimão. Olhou mais uma vez para cima e respirou fundo, não adiantava mais querer voltar, ela tinha que subir. Foi subindo devagar e só se deparava com poeira e mais poeira. Depois de muitos degraus ela encontrou papéis espalhados, mas a escuridão intensa a impedia de ler o que estava escrito neles. Subiu mais um pouco e achou uma fresta que permitia a luz da rua entrar um pouco. Eram cartas, muitas cartas. Algumas não terminadas e outras apenas com uma frase, uma palavra. Umas mais amareladas que as outras, as datas eram de anos atrás, mas a letra era a mesma em todas; pareciam ser de um Manuel para uma Fernanda. Ela sentou-se, a curiosidade para saber o que estava escrito naquelas páginas amareladas a fez esquecer de toda poeira que pincelava aqueles degraus.

Fernanda,

Já passa das vinte e duas horas e estou aqui no meu quarto relembrando o seu sorriso, tentando resgatar em minha imaginação o suave do seu corpo. Foram tantos sonhos, tantas palavras ditas e reditas, tanto amor oferecido e recebido. Eu te amei muito e sei que, apesar de tudo, você me amou também. Não choro pelo amor que não existe mais, não choro por nada, não há porque derramar lágrimas. Só sinto saudades, saudades da sua voz na pontinha da minha orelha causando arrepios em meu corpo. Ah! Foi bom! Mas nada disso significa que ainda guardo uma vontade de tê-la comigo novamente. Não, não quero mais nada. Nem revê-la eu quero mais, prefiro ficar somente com as lembranças.

Um tenro beijo,

Manuel.
02/08/35


Fernanda,

Ontem fiquei te observando no baile! Ah! Como estava linda naquele vestido vermelho! Eu, ali, sentado timidamente admirei cada passo que dava. Era a mais bela de todas!

Um beijo,

Manuel
06/09/33




Fernanda,

Eu queria que soubesse que ...



Fernanda,

Será que um dia nossos olhares serão somente NOSSOS? Sei que me olha como te olho, por que fugir? Será que sabe meu nome?

Beijos,

Manuel
10/04/30



Começou a espirrar, sabia que sua alergia atacaria a qualquer momento. Eram muitas as cartas, não daria pra ler todas, embora a curiosidade fosse enorme. Mas ignorou seus espirros e pensou na hipótese daquelas cartas não terem sido enviadas e aquela escada ser uma espécie de tumulo do amor que Manuel sentiu por Fernanda. Quis recolher algumas para ler em casa, mas seria um desrespeito. No entanto, prometeu a si mesma voltar ali sempre que possível para ler tudo.
Os anos se passaram, ela já amava Manuel. Sonhava todas as noites com o autor daquelas belas cartas, era como se ele escrevesse para ela. O seu nome?!

6.1.07

cotidiano.

Eram cinco degraus. Ela subiu os quatro, agitada, e sentou no topo da escadinha. Ele subiu mais devagar. Estava nervoso.
- Você tem problema de pele?
- Eu? Por que?
- Cada vez que eu te olho tem uma sarda nova aí.
Ela olhou pra baixo. Frio nos pés. Daria a ponta dos cachos vermelhos por um chá de maçã com canela e uma meia mais grossa.
- Você não tinha compromisso?
- Não dá mais tempo.
Ele era novo. Mais do que ela. Tinham pulado etapas, disse, tentando se justificar sobre janeiro, quando a trocou por uma carioquinha de dois falsos olhos azuis.
- Ah, se eu soubesse. Teria feito tudo diferente.
- Não, não teria.
- Teria sim. Sinto saudades tuas. Não devia ter te deixado, foi a pior coisa que fiz na vida. Me perdoa?
- Não tem o que perdoar. Eu entendo.
- Mas diz que me perdoa, por favor.
Ela ergueu os olhos. Viu as luzes da praça, as ruas vazias, devia ser umas três da manhã. Se distraiu com o vento. Ele levantou, deu dois passos, voltou, sentou. Os olhos encheram de lágrimas.
- Eu ainda te amo.
- Eu também te amo.
- Volta pra mim?
Ela tentou não sentir pena do menino de joelhos ao seu lado.
- Tá frio, levanta.
- Volta pra mim? Escuta, eu ainda te amo. Nunca mais vou te deixar ir, nunca mais vou te magoar, eu aprendi a lição. Olha no meu olho, por favor. Eu preciso de você, do teu carinho, dos teus beijos, volta pra mim, por favor, eu não sei mais o que fazer.
Ela pensou antes de responder. Levantou.
- Eu vou te amar pra sempre.
As lágrimas vieram com violência pra ele. Agarrou o próprio rosto e chorou alto.
Ela pegou um taxi e foi morar na Novo México.
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l> de onde vem a calma - los hermanos
l>

1.1.07

o meu querer.

e que nossas loucuras se percam em nossos desejos.

- a melhor mensagem que eu recebi neste reveillon.

feliz 2007!