30.11.06

Primeiro concurso “Oh G Suis!” de literatura virtual

Eram tempos difíceis aqueles. Sentávamos em cadeiras vermelhas de plástico, pedíamos sempre as mesmas músicas da saudosa década de 90, bebíamos o líquido áureo que vinha em copos americanos com rachaduras e divagávamos sobre os assuntos nobres mais polêmicos do Oeste. Éramos chamados de bichinhos exóticos, calúnia jocosa para a qual dávamos os mais sublimes e coloridos motivos. Todos nós usávamos óculos de aro largo, o que garantia a validade dos nossos argumentos e, como se não bastasse, combinavam com nossas roupas sempre temáticas.

Levávamo-nos tão a sério que sempre acabávamos a noite completamente descabelados, cambaleantes ao som das canções da boy band que já foi moda, saudosos da excêntrica presença de Romário e capazes das atrocidades verbais menos coerentes que promessas políticas de esquerda radical. Aos olhos mais atentos, ao redor da mesa vermelha havia um bando de jovens em busca da oitava lagoa e da saideira.

Entre nós havia uma mulher que sustentava com toda a classe seu signo solar. Era taurina. Deu pra usar boina de repente e, constantemente, a perdíamos para o mundo paralelo da literatura. Assim, quando menos se esperava, a taurina não mais interagia, a não ser que fôssemos uma caneta ou um pedaço de papel. Às vezes, até podíamos ser. Seus devaneios iam parar no sítio virtual que conservava com esmero. Até hoje, creio que seu diário praticamente quimérico era mais popular que aquele novo Papa.

Num desses encontros, discutíamos sobre a utilidade pública que a atenção que seus rabiscos sem censura poderia adquirir. Foi então que a rapariga vaporosa, sempre cheia de comentários inúteis, porém coesos e à qual nem dávamos mais crédito, pois era fã da Madonna e não sambava em lugares públicos, falou mais alto: “Façamos um concurso literário entre os freqüentadores virtuais!”. Sua sugestão foi aceita com um carinho surpreendente e risadas com aquele ar de “pode ser, heim?”. Os prêmios seriam o troféu Zé Carioca, a publicação do texto no glamouroso sítio virtual e um chiclete Trident de canela.

Esticamos o assunto até as resoluções finais do edital. Os interessados mandariam seus textos para o e-mail ohgsuis@yahoo.com.br até o dia 11 de dezembro de 2006. Rod, polêmico criador de imagens engraçadinhas e talentosíssimas seria o responsável pela confecção do troféu que se chamaria Zé Carioca, em homenagem ao vizinho do saudoso Romário. Os juízes seriam: a taurina, claro; Paulita, uma das mentes mais brilhante da academia e um doce de mulher; a rapariga vaporosa que não samba, pois tinha que ser... afinal a idéia tinha sido dela. Na comissão julgadora ainda pairaria a estonteante participação especial do nosso enviado especial à Alemanha, Pedro Gomides, pois o talento é nato e a saudade é grande.

Já trôpegos, confabulamos ainda sobre o coquetel/baile dançante comemorativo que ofereceríamos aos participantes no Marcílio´s Ballroom, um dos lugares mais “phinos” da capital mineira da época. Seria uma noite inesquecível! E, pretensiosos como éramos, ainda convidaríamos o primeiro lugar para compartilhar nossa mesa no happy-hour nosso de cada terça-feira.

Mas o nível etílico era impiedoso e nos esquecemos de elaborar um tema pelo qual os literatos interessados fritariam seus miolos. No dia seguinte, com as cabeças latejantes, Taurina e a que não sambava resolveram a pendenga sob o seguinte raciocínio: “Vamos deixar quem sabe escrever falar por nós”, disse a garota que não colocava a mão no joelho e nem dava uma abaixadinha. Assim, o tema era:

“O inferno dos vivos não é algo que será; se existe, é aquele que já está aqui, o inferno no qual vivemos todos os dias, que formamos estando juntos. Existem duas maneiras de não sofrer. A primeira é fácil para a maioria das pessoas: aceitar o inferno e tornar-se parte deste até o ponto de deixar de percebê-lo. A segunda é arriscada e exige atenção e aprendizagem contínuas: tentar saber reconhecer quem e o que, no meio do inferno, não é inferno, e preservá-lo, e abrir espaço.”

Mal sabíamos nós, nessa época, que já havíamos reconhecido um no outro a ausência do inferno.


E a comissão julgadora declara aberta as inscrições para o primeiro concurso “Oh G Suis” de literatura virtual.


*texto daquela que nem abaixa e nem dá uma rodadinha ao som de zeca pagodinho.

(sem título)

enquanto o texto falando sobre o concurso não chega, posto aqui um trechinho de uma música que é um tanto quanto boa, viu?!

ainda mais quando é ouvida no alto de um lugar onde nem deus pisou ainda.

Cada passo falso que eu disfarço
e não posso mais sofrer
Eu não consigo mais viver sem ter,
poder retalhar não sei

Eu te levo e trago e não passo e
está tudo bem, tá tudo bem
Se eu desmonto e disfarço é
porque você não vem, você não vem
Mas se eu peço e renovo é
porque eu te quero bem, te quero bem


Faaca - Mombojó.

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e quando tom zé pira nisto aqui é coisa bonita demais da conta:

Tô te explicando pra te confundir

Tô te confundindo pra esclarecer
Tô iluminado pra poder cegar
Tô ficando cego pra poder guiar

Realismo Convincente - Mombojó.

29.11.06

a boina dela.

não lembro qual o horário, devia ser por volta de 23h, 23h30. o bar era o rockbar. um papel, uma caneta:
.
.
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um copo de cerveja. um cigarro. pessoas. você traga pessoas. o último trago. o último cigarro. você engole, você vomita. você quer. a vida. você quer a vida. a camiseta amarela. o casal que desce as escadas. bichinhos exóticos. porque ela tem uma boina. ela adora a palavra imbecil. eles dizem sobre ele. o ele. o ele que ela nem sabe. nem ela sabe. ninguém sabe. e, enquanto isso, ela engole a cerveja, a saideira, a caideira. a cadeira. o cardápio. cinzeiro. ele tinha feito uma promessa. porque terça-feira não é dia pra começar a namorar. paula diz que a sombra é azul. leandro diz que toda sombra tem um pouco de azul. andré divaga. turcheti não sabe. e ela não fumou um. o fumar um. o fumar que eles fumam. que eles vivem. que eles querem. ele quer. ele quer achar que ela. que ela... ele quer achar demais.
.
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e vem aí o o primeiro concurso "oh g suis" de literatura.
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l> ela faz cinema - chico buarque.
quando ela chora não sei se é dos olhos pra fora.

27.11.06

é quando...

é quando você está dentro de um carro à noite, no meio de uma chuva e fica observando a água escorrendo no vidro. é quando você está dentro do ônibus e, ao invés de observar as pessoas na rua, fica olhando para o chão e vendo quantas folhas caíram das árvores. é quando você vê duas pessoas conversando no carro e observa a luz contornando as silhuetas. é quando você faz um enquadramento e esquece tudo o que está ao redor. é quando você escuta só o som da guitarra entre bateria, baixo e afins. é quando dá vontade de fotografar sombras. é quando você escuta os outros falando e imagina estar dentro de um filme azul e amarelo. é quando o copo de cerâmica tem uma textura diferente. é quando as paredes são vermelhas. é quando um portão aparece na sua frente pichado com a seguinte frase: "game over". é quando você está com a cabeça baixa e ao se levantar vê um carro e mil lembranças passando há poucos metros. é quando dá vontade de atravessar uma avenida com os carros correndo. é quando a luz laranja do céu reflete no verde da árvore e você pára o que estava fazendo para observar aquela folha que está pra cair. é quando você imagina um lugar lotado, vazio. é quando você morde o seu colar de pérolas com o olhar de uma criança. é quando você se ama e nem sabe o por quê. é quando você acha que está enlouquecendo e encontra alguém que diz que tudo isso é normal.

whatever.

" ele lhe deu todas as esperanças e ela, o seu último cigarro".

ALVARENGA, Rafael Ferreira de; CASA DO FERREIRA, 2006, p.2711, v.003, cap. 123.

"teoria dos pescoçudos: de tão cult eu até flutuo".

ALVES, Leandro de Barros; CASA DO FERREIRA, 2006, p. 2711, v. 026, cap. 123.

"é melhor dizer adeus do que tchau, porque se acontecer o reencontro, vc já vai ter dito adeus. Um recomeço, talvez."

BOSSI, Thais Pimenta; CASA DO FERREIRA, 2006, p.2711, v.043, cap. 123.

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e eu tenho aula de rádio às 7h da manhã.

brigada, zé carioca!

25.11.06

resposta de um fã desordenado.

eu sabia que você diria tudo o que disse nessas cartas pra mim. eu sempre soube que um dia você diria, porque é óbvia demais. o seu clichê irrita, o seu sorriso irrita, a sua alegria constante irrita mais ainda.

mas enfim, o nosso banho gelado. tá tão longe, tão esquecido que nem me lembro mais de como era. eu só me lembro do azul da toalha que envolvia o seu corpo molhado. o corpo que tanto foi meu e que hoje... e que hoje....

o azul da toalha. o vermelho do seu sorriso. o laranja dos seus seios. o verde das suas mãos. o lilás das suas coxas. o preto do seu olhar. o escuro do seu olhar. escuro que há tempos já nos envolvia, nos envolvia como aquela toalha.

sobre eu ter deletado seu número de telefone da minha agenda, é verdade e não é a primeira vez que faço isso, você sabe. prefiro não ter nenhuma referência sua na minha vida. nem aquela carta que você deixou debaixo do meu travesseiro num sábado de manhã, não quero nada seu. se sofre por mim ou não, eu nunca acreditei em você. nem quando ria, nem quando chorava. e o seu sofrer não me afeta, eu desprezo suas lágrimas, inclusive aquela que caiu na minha blusa preta.

sim, você é esquisita. você é a desordenada da história, apesar de sempre ter arrumado minha cama. no entanto, a sua esquisitice é previsível. eu não falo sobre te querer mais, já repeti isso mais de mil vezes. e na verdade, nem gosto de falar sobre isso. eu prefiro deixá-la quieta e guardada lá no canto vesgo da minha vida.

você goza. você goza dançando, você goza fumando seu cigarro, você goza vendo um filme bom, você goza fazendo caretas. eu sei disso, não precisa me contar. eu sei que você samba até o sol raiar, eu já vi isso várias vezes. você borbulha, ferve. você morde e lambe os lábios. isso era bom. eu me deliciava com isso. deliciava.

bom, eu nem sei mais o que escrever para você. responder aquelas ofensas seria, no mínimo, ridículo.
ah! quanto ao seu telefonema de quinta eu quase atendi. mas sabia que você deveria estar bêbada como anda todos os dias.

e depois daquela cena.

se eu fosse um trecho:

"O jogo da amarelinha joga-se com uma pequena pedra que é preciso empurrar com a ponta do sapato. Ingredientes: uma calçada, uma pedrinha, um sapato e um belo desenho feito com giz, preferivelmente colorido. No alto, fica o Céu, em baixo a Terra, é muito difícil chegar com a pedrinha ao Céu, quase sempre se calcula mal e a pedra sai do desenho. Pouco a pouco, porém, vai-se adquirindo a habilidade necessária para salvar as diferentes casinhas (caracol, retângulo, fantasia, esta pouco usada) e um dia se aprende a sair da Terra e levar a pedrinha até o Céu, até entrar no Céu [....] o pior é que, justamente nesse momento, quando ainda quase ninguém aprendeu a levar a pedra até o Céu, a infância acaba de repente e se chega nos romances, na angústia do divino foguete, na especulação do outro Céu ao qual também é necessário aprender a chegar. E, por se ter saído da infância [....] esquece-se que, para alcançar o Céu, é preciso ter, como ingredientes, uma pedrinha e a ponta de um sapato."

o jogo da amarelinha - júlio cortázar.

[o fã desordenado me respondeu, em breve posto a resposta dele e hoje comentei um blog com uma frase que depois se tornou curiosa até pra mim: valeria a vã verdade valer vagando vaporosa em valises vermelhas?! ]

l> cabidela - mombojó.

23.11.06

carta para um fã desordenado II.

na minha burrice feminina eu acho que queria que você estivesse aqui comigo durante alguns minutos desta noite de quarta-feira. mas, ao mesmo tempo, eu sinto tanta preguiça e tanto nojo que penso que você aí, bem longe, é o melhor que poderia acontecer. descobri que estou cansada. cansada dessa sua chatice enjoada que me irrita e me faz sentir vontade de dar-lhe um chute daqueles bem doídos.
neste exato momento eu acredito que não acredito mais em você e em ninguém dessa sua raça filha-da-puta. se a minha raça também é fdp?! é, beiben. eu sei e por isso que mulher que confia em mulher só cai na merda. eu odeio esse seu jeitinho sensato de ser, achando que assim vai me ter mais fácil, me ter como um simples amuleto guardado no bolso para ser acariciado quando der na telha.
você e toda a leva de pessoas idiotas que o circulam acham que sabem quanto vale 2+2 na minha calculadora. ninguém sabe porra nenhuma e nem nunca vai saber. me faço óbvia demais pra ver até quando essa palhaçada continua, sei lá. não importa. só sei que o meu gosto ninguém sentiu, o meu verdadeiro gosto. nem você, seu paspalho.
e por acaso aquele boné anda com você ainda?! puta que pariu! você não se olha no espelho?! mas tá, fica eu aqui com minha breguice e você aí com a sua. ainda bem!
e ela?! como anda aquela bonitinha? afffe! morena invertebrada da porra! mas enfim, fica eu aqui com meu mau gosto e você aí com o seu.
só mais uma coisa: quando eu vi você atravessando a rua hoje percebi que eu nunca gostei do seu jeito de andar. vá logo no ortopedista pra ver se ele dá um jeito nesse pé torto.

22.11.06

é quando as cores pulsam.

dentre sonhos, lençóis, cheiros, texturas e lágrimas ela se olhou no espelho. a dor no coração era tão forte que ela não tinha forças nem para acender um cigarro. aquele chocolate que chorando foi buscar nem havia sido aberto ainda e ela ficava se perguntando até quando iria chorar por pessoas que insistiam em aparecer nos seus mais belos sonhos. ela se deitou e tateou aquele livro que ele emprestara. chorou mais e o desejou como nunca. queria que ele estivesse ali olhando para ela com os seus olhos de menino e desejando tê-la em seus braços por toda a noite. sim, por um momento ela fechou os olhos e sorriu acreditando que ele estava ali, deitado, sem camisa e decorando cada canto do quarto, daquele quarto que era tão deles.
o dia amanheceu um ano depois. os cartazes colados na parede do quarto já não eram mais os mesmos. a energia não era mais a mesma. e a paz borbulhava em cada parede.
em cada parede do quarto dela.

21.11.06

desbravando o santa teresa a.k.a. perdidos ao som de chucrobillyman a.k.a placa de pare nas alturas a.k.a sintonia com o camelo a.k.a me apaixonei por

você a.k.a procurando um buteco na segunda a.k.a 4 perdidos numa segunda feira sem lei.

é porque, às vezes, a felicidade me consome.
e tudo fica igual a uma esponja.
sim, eu faço samba e amor até mais tarde.
e dizem que pareço com a senhorita amélie poulain.
dizem que tenho olhos bíblicos.
e aquele cara solitário com um copo de cerveja na mesa.
os gringos falando sem parar.
e é quando a rua não tem mais saída,
mas a gente dá a volta.
eu vi um avião em miniatura.

e é quando você fala que
almodóvar é colorido,
azul, vermelho, branco.
e kubrick é vermelho e branco.
e que bergman é vermelho
com sombras esfumaçadas.
que fellini é a essência do circo.
e que amélie poulain é verde e vermelho.

é quando você sente a delícia de ser uma usina de sentidos.

eu prefiro sambar com você e não deixar o samba acabar.

vai, me absorve que hoje eu quero ser só seu.

esse é o reino da alegria.


19.11.06

carta para um fã desordenado.

hoje o dia tá bem quente. acordei suando e fui direto pro banho. aquele banho gelado que você adorava tomar comigo. pensei em ontem quando nós, totalmente bêbados, ríamos e ficávamos fazendo brincadeirinhas idiotas de ficar dando tapinhas um na cara do outro. e confesso que quando eu vi você com aquele boné brega (muito brega, na verdade) senti uma certa preguiça. no entanto, seu sorriso continuava o mesmo. saí do banho e continuei pensando, você não precisa mais fugir de mim. eu sei que você me cortou de todos os meios de comunicação acessíveis, sei até que deletou meu telefone da sua agenda. mas eu não sofro mais por você e, na verdade, nem sei se sofri um dia. você nunca mereceu uma lágrima minha e eu jamais mereci uma sua.
você é o menino gentil da camiseta branca, eu disse isso ontem e não foi brincadeira, mas eu sei que o que eu falo pra você não faz diferença. você me acha muito esquisita, apesar de gostar disso, apesar de querer isso. enfim, às vezes eu nem sei o que dizer quando estamos juntos. aquele olhar, aquele delicioso olhar, aqueles olhares. de vez em quando (ou toda hora) sinto vontade de fazer de você meu homem novamente.
pode ser que eu tenha amado você. porque eu gosto de amar, é escolha minha. eu amo muito, sempre. mas é um amor grande demais que acaba rápido por não ter mais como segurá-lo. isso eu sei que incomodou você. você me disse logo quando terminamos que não suportava essa minha "façanha" de amar. até confesso que já pensei em mudar, mas a minha essência se constrói a partir dessa "façanha", como você diz. eu me lambuzo com as pessoas. e depois sentamos juntas e damos gargalhadas a noite inteira. eu acho a felicidade uma coisa bonita. eu gosto de cantar alto o samba mais gostoso. aquele samba de ontem. o nosso samba. eu gosto de ir vivendo, de ir sendo.
eu caso a intensidade com a leveza, com a inocência. e eu já quis muito que você dançasse comigo nesse samba. e, por mais que você diga que não, sei que você também quer(ia) isso, pelo menos por um dia, por uma noite. e, por saber disso, eu já tentei, mas você reluta, se segura de bobo que é.
eu só não gostei de uma coisa de ontem: um olhar doído seu. você olhando pra frente, fingindo que não me via. você e sua camiseta branca. e não gostei também daquela menina ao seu lado. ela não. mas tá, eu tenho é dó dela, coitada. eu tenho dó de você e isso me faz sentir indiferença. é. indiferença. eu já fico de costas pra você sem querer olhar pra trás.
isso é triste?! não sei, acho que não. isso é triste para aquele casal de um ano atrás que sonhava em descobrir o mundo para sempre. juntos. aquele casal que sonhava. hoje eu acho o seu boné brega, foi mal. e nada disso é por maldade, é porque acabou. acabou mesmo. um ponto final calado, frio, crú.
hoje eu te ignoro, principalmente quando você está com esse... (affe!) boné.
eu acho que é isso, meu caro fã desordenado.
talvez amanhã eu escreva mais.
abraços,
a menina sapeca da camiseta lilás.
l> com que roupa - noel rosa.

18.11.06

a sorrir eu pretendo levar a vida, pois chorando eu vi a mocidade perdida.

foi quando ela se pegou sorrindo em meio a tantos sonhos esmagados.

ela dançava. sorria.

ela. tão bela era ela.

e um novo sonho brotando.

ali com ela.

l> o sol nascerá (a sorrir) - ney matogrosso.
eu super me jogo nessa música.
ney, brigada.
e um beijo pro meu melhor amigo,
parabéns, rodenélson!
EU TE AMO!

16.11.06

tiquim de nada.

ele me disse pra não ter pessoas ao meu lado que fazem da minha fraqueza uma maneira de se fortalecerem.

ele me disse.

e, às vezes, eu prefiro um nada.
um pouco de nada.

14.11.06

flash.

versos fotográficos
entre portas.

imploram.
gritam.
meu nome.

querem
me sentir,
me arrancar.

fotográficos versos.

13.11.06

domingo à noite.

- aconteceu alguma coisa ou não aconteceu nada?

- nada importante.

- e vc sempre quer que aconteça alguma coisa?

- nem sempre.
aprendi a não esperar acontecer. Um fabricante de acontecimentos.

- isso é gostoso.

- coisas boas só acontecem aos mocinhos da novela.

- vc gosta q as pessoas achem vc estranho?

- não eu. gosto que as pessoas achem tudo estranho. o estranhamento é que move o mundo
co-move.


- às vezes parece que já te conheço.
isso é estranho, rs.


- ahhahahahahahah.

- o que vale a pena pra vc?
(eu pergunto demais?!)

- vc testa. com eu. faz perguntas pra descobrir algo.
tateando eu diria


- sim... eu gosto de tatear. pegar. sentir.

- sim. isso nos faz sentir vivos
nietzsche vale a pena.
viver sem se importar com o além ou sem fazer planos pro além vida vale a pena

sentir vale a pena

- eu sempre quero me sentir viva. isso tbm vale a pena.

- rir vale a pena
e como.

- morder o lábio vale a pena.

- a realidade pode ser bem melhor escrita

- escrever vale a pena.

eu prefiro viver a minha realidade entre linhas.

- pintar tb

- pintar vale tbm, me sujar de tinta vale mais ainda.

- Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.

Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.

Por isso escrevo em
que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!
(fernando pessoa)

sujar é sentir

- fernando pessoa é meio que um ... não sei explicar
sim, sujar é sentir.
eu gosto de me sujar.
eu me lambuzo com a vida.

- (não posso escrever mais nada, a última coisa dita é tão boa que tem de ser a última)

12.11.06

manteiga no pão.

- na verdade, eu não tenho medo.
ou melhor..
eu tenho.

- hahhaa

- mas dane-se.

- mas não espalha
eu por exemplo, não tenho medo

- de nada?

- claro que sim, mas levo o não espalho acima a sério

- eu sou espalhada. espalho mesmo. nas pessoas.

- ótimo, estou cansado de espelhados e espelhadas

- igual manteiga no pão

- hmmmmmmmmm
manteiga é bom
hahaha

- eu não acho.
manteiga escorrega.

- não no pão



- se o pão estiver quente ela derrete, pior ainda.
concorda?

- eh vero
isso já tá ficando com muitos hipersentidos
já estou me confundindo
e não consegui prosseguir a metáfora

- hehehehe e nem precisa...estou saindo. beijos pra vc!

- bjão!

10.11.06

camiseta azul.

ela queria um pedaço daquela camiseta azul.

ela queria um pedaço daquele sorriso de menino feliz.

ela queria um pedaço daquela voz.

ela queria um pedaço daquela boca que nunca sentiu.

e quando ela desceu do carro ele quis.
quis tanto, mas tanto
que sentiu medo de falar.
sentiu medo de assustá-la.

ela se despediu.
o silêncio contava que ele também queria ser dela.

mas ela se foi.

sabiam que um dia...
um dia.

a camiseta azul.

8.11.06

o teatro.

o medo do rídiculo é uma arma poderosa contra a gente.
não troque a sua roupa.

a única coisa que permanece é a mudança.

e ainn! experimente escrever seu nome em, no mínimo, 5 minutos!

[hoje no teatro.]

rá!


A mesa de ontem tinha 4 lugares. Um deles esse cara aí de cima ocupou.

Ui! Brigada.

7.11.06

Nietzsche, James Joyce, Sartre...e então.

já são mais de 00h e amanhã eu tenho aula. isso significa que não poderia estar aqui, mas depois de tanto estudar pra prova do Kika, resolvi ficar mais um tempinho e escrever um pouquinho do que aprendi com ele neste semestre. luísa diz que a aula dele é grande sertão:veredas. eu digo que é terapia.

só mais uma observação: quem és tu, carolina?!

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"A maldição é separar sempre o mundo em dois pólos e querer sempre que a racionalidade se sobreponha à sensibilidade." Nietzsche

É assim que Nietzsche resume a maldição tantas vezes repetida que é a história da humanidade; sempre sobrepondo a razão à sensibilidade. É assim que o racionalismo entra em crise, é por isso, por essa coisa tão bonita, tão simples e tão verdadeira: a sensibilidade.

Depois disso vem a fenomenologia e é daí que surge o conceito de Dasein (o-ser-aí; ir sendo; metamorfose ambulante). Dasein somos nós, usinas de sentidos. Ao longo da nossa vida vamos angariando experiências, estamos construindo o tempo todo. A reconstrução de si para si mesmo = subjetividade = NINGUÉM É TODO MUNDO ESTÁ.

O conceito de imanência, criado pelos gregos na primeira fase do racionalismo, é tido como um dogma após a fenomenologia. Sartre diz que a essência está sendo construída o tempo todo, uma vez que somos dasein, a existência precede a essência. E que, por estarmos sempre construindo, todos merecem uma 2a chance na vida.

Em Ulisses, James Joyce criou um novo tipo literário; a sua narrativa tenta proporcionar à palavra escrita uma experiência que está no mundo interior (FLUXO DE CONSCIÊNCIA). Quando se pensa "O BRANCO" é fluxo de consciência. Joyce obedece a natureza da inteligência humana que é caótica.

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um gostinho aí para vocês!

6.11.06

a voz.

ela apagou a luz e se deitaram, os corpos se colaram mais, corpos que antes se completavam da maneira mais bonita, mais intíma. e que agora se procuravam, mas sabiam que poderiam nunca mais se ter.
aquele silêncio. alguma coisa. o alguma coisa lhes era estranho.
é um dito não dito. um faço e desfaço.
o sentimento à flor da pele.
a vida à flor da pele.
ele sabia.
o mundo não ia parar para que ele consertasse aquele momento.
o mundo não ia acabar.
a paz dele. só dele.
o esquecer que também era tão dele. mas que ele não queria e queria e não sabia o porquê dessa confusão (ou preferia não saber).
a espera que se apagava tão suave, mas ao mesmo tempo, tão seca.
tão assim, calada.
e o silêncio. sempre o silêncio.
o silêncio que lhe falava mudo.
era ruim saber que tudo aquilo não era pra estar acontecendo.
nada daquilo fora programado e ele odiava ter que lidar com essas derrapagens que a vida lhe pregava.
era estranho lembrar que há dois dias ela lhe disse que queria fazer amor com ele.
o silêncio.
o silêncio lhe contava que, talvez, ele fosse fraco demais.
ou tão forte que nem sabia como lidar com isso.
ele não acreditava mais no amor.
naquele momento o amor lhe mostrou mesquinho e pequeno demais.
mas se levantou e pegou suas coisas.
a porta já estava aberta.
olhou para ela e nem sentiu vontade de se despedir, não teria forças para isso.
partiu.
a chuva ia caindo aos pouquinhos.
e na calçada um bilhete. uma frase tão feminina que mexeram com suas ilusões.
a letra não era dela e ele sabia que nunca mais leria algo com aquelas letras tão pequeninas.
era outra.
a voz feminina que lhe cantava baixinho e fazia com que ele dançasse ali, no meio daquela rua deserta, o chamou.
tocou o samba mais bonito, comprou o vinho mais suave e lhe fez dançar.
dançar com ela.
a noite.
a noite toda.

5.11.06

o sentir.

eu sinto borboletinhas na barriga.

isso basta.

eu sinto.

sinto.

e o furacão da vida.

o furacão.

5 anos.

novembro chegou.


l> chover - cordel do fogo encantado.
borboletinha!

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3.11.06

0203.11.2006

vai, rasgue a minha roupa. me pega, me puxa. grita, vira o mundo de cabeça pra baixo. jogue fora todas as regras, ande, ande logo. chore. berre. espanque. pulse. rasgue, isso. pode rasgar. tudo. você sabe. você sabe onde pegar, o que fazer. só você sabe. ande logo. vem. que eu te quero todo. todo. respire. o banho. a água escorre. o quarto afastado. o mundo sendo descoberto. vai, ande logo. tá tão longe, tantos quilômetros. vai, não dá mais. volta. vem. a gente sabe dançar. novembro chegou. hoje é dia 03. ontem. amanhã. 4 anos. 5 anos. anos. esquece ela. a gente pode. a gente vence. você. eu quero. eu sonhei. eu deixo. eu deixo tudo. vive. comigo. cante. comigo. faça amor. comigo. novembro. novembro chegou. saia correndo daí. agora. ande! saia, saia, saia! e venha. venha. se jogue. eu quero você. eu sei que você me quer. tem que ser agora. agora. se demorar eu vou embora. embora pra sempre. de novo. eu vou. e você sabe o tanto que isso dói. o tanto que doeu. em mim. em você. as luzes piscando. os sonhos. os nossos sonhos. as lembranças. as nossas lembranças. sentir. não-pensar. relar. relar. relar. eu quero. você quer. ande, volte logo. vai. o tempo corre. o tempo corre muito. anos. vidas. o cheiro. o seu cheiro. o nosso. o suor. a pele. colada. na sua. vida. a pele colada na sua vida. pode puxar meus cabelos. pode. me segura. ande. com força. me pegue, mas ande logo.

porque eu te amo.
e tem.
tem que ser agora.

l> idioteque - radiohead.
caralho!

03.11.2006

Ontem eu fui na mostra Itinerância Videobrasil. Fui com uma idéia de que seria só videoarte sem começo, nem meio e muito menos fim. Mas não, eu chorei. Curtas belíssimos! E, finalmente, descobri Cao Guimarães, o vídeo dele se chama "Concerto para Clorofila" e, como o Edu disse, é um vídeo para ficar contemplando, tem muito a ver com pintura, sem contar na paz que dá.

link: http://www.sescsp.org.br/sesc/videobrasil/site/dossier019/obras.asp (mas na tela grande do cinema fica muito mais bonito)

Teve também um vídeo com jeitinho de casa de vó, são duas mulheres conversando na cozinha sobre o encontro que elas tiveram, em 1971, com Júlio Cortázar em Paris. (se quiser comer doce e não puder, não assista). Chama-se "Lo Sublime/Banal"

link: http://www.sescsp.org.br/sesc/videobrasil/site/dossier020/obras.asp

Frederico Lamas, um artista argentino, apresentou um curta muito bonitinho sobre o término de um relacionamento. Fofinho; artesanato digital. Mas ver na telona é muito muito muito melhor, mas compensa! E fique de olho nas frases! Chama-se "Roger".

link: http://www.sescsp.org.br/sesc/videobrasil/site/dossier016/obras.asp

Daniel Lisboa é um artista baiano e fez um vídeo muito muito muito bom! É uma simulação de um sequestro de um "rico senador baiano". Se chama "O Fim do Homem Cordial".

link: http://www.sescsp.org.br/sesc/videobrasil/site/dossier017/obras.asp


Ali Cherri é libanês e não é estranho que ele apresente vídeos mais politizados. Esse é maravilhoso, a fala dele é linda e as imagens pertubam. Chama-se "Un Cercle Autour du Soleil".

link: http://www.sescsp.org.br/sesc/videobrasil/site/dossier015/obras.asp


Adams de Carvalho e Olívia Marques são os autores de uma das animações mais legais e mais bem feitas que já vi. O processo de criação deles é igual ao do africano William Kentridge que, ao invés de desenhar página por página pra fazer a animação, ele desenha tudo numa mesma página, mas vai apagando e desenhando. O ruim é que só tem um pedaço desse vídeo. Mas você pode conferir alguns vídeos do Kentridge aqui: http://www.youtube.com/results?search_query=william+kentridge&search=Search

link: http://www.sescsp.org.br/sesc/videobrasil/vbonline/bd/index.asp?cd_entidade=243404&cd_idioma=18531

bom, esses são os melhores.
se quiser saber mais sobre o videobrasil é só acessar: www.videobrasil.org.br

2.11.06

as doses.

talvez eu tenha um pouco de riobaldo, um pouco de diadorim. um pouco de ulisses, um pouco de lóri. um pouco de joão, um pouco de maria. um pouco de alex, um pouco de alice. um pouco de maga, um pouco de horácio. um pouco de miguilim, um pouco de dito. um pouco de paul, um pouco de john. um pouco de chico, um pouco de milton.

talvez eu seja um pouco de samba, um pouco de rock. um pouco de arroz, um pouco de feijão. um pouco de rua, um pouco de calçada. um pouco de sol, um pouco de chuva. um pouco de cigarro, um pouco de café. um pouco de sapato de boneca, um pouco de all-star. um pouco de saia, um pouco de calça. um pouco de brinco, um pouco de alargador. um pouco de olho, um pouco de boca. um pouco de cinema, um pouco de fotografia.

talvez eu sinta um pouco de azul, um pouco de verde. um pouco de amargo, um pouco de doce. um pouco de gargalhada, um pouco de lágrima. um pouco de sonho, um pouco de decepção. um pouco de medo, um pouco de coragem. um pouco de laranja, um pouco de vermelho. um pouco de amor, um pouco de indiferença.

o pouco de muito.

1.11.06

caras e bocas do ócio.


você cobra quanto?

a gente podia sair por aí.

é de quê? de plástico?


hmmm... interessante!



anda logo.

Olha, Maria

Olha Maria
Eu bem te queria
Fazer uma presa
Da minha poesia
Mas hoje, Maria
Pra minha surpresa
Pra minha tristeza
Precisas partir

Parte, Maria
Que estás tão bonita
Que estás tão aflita
Pra me abandonar

Sinto, Maria
Que estás de visita
Teu corpo se agita
Querendo dançar

Parte, Maria
Que estás toda nua
Que a lua te chama
Que estás tão mulher
Arde, Maria
Na chama da lua
Maria cigana
Maria maré

Parte cantando
Maria fugindo
Contra a ventania
Brincando, dormindo
Num colo de serra
Num campo vazio
Num leito de rio
Nos braços do mar

Vai, alegria
Que a vida, Maria
Não passa de um dia
Não vou te prender
Corre, Maria
Que a vida não espera
É uma primavera
Não podes perder

Anda, Maria
Pois eu só teria
A minha agonia
Pra te oferecer

[Chico Buaque]

a banda.

Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

O homem sério que contava dinheiro parou
O faroleiro que contava vantagem parou
A namorada que contava as estrelas parou
Para ver, ouvir e dar passagem
A moça triste que vivia calada sorriu
A rosa triste que vivia fechada se abriu
E a meninada toda se assanhou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou
Que ainda era moço pra sair no terraço e dançou
A moça feia debruçou na janela
Pensando que a banda tocava pra ela
A marcha alegre se espalhou na avenida e insistiu
A lua cheia que vivia escondida surgiu
Minha cidade toda se enfeitou
Pra ver a banda passar cantando coisas de amor

Mas para meu desencanto
O que era doce acabou
Tudo tomou seu lugar
Depois que a banda passou
E cada qual no seu canto
Em cada canto uma dor
Depois da banda passar
Cantando coisas de amor
Depois da banda passar
Cantando coisas de amor...

[saudades de quando eu era pequenininha e meu pai cantava essa música pra mim. e sim, ficar em casa sozinha ouvindo chico no talo e cantando. a felicidade explode]

l> quem te viu, quem te vê - chico buarque
felizinha! =)