29.7.06

A língua girava no céu da boca

por Carlos Drummond de Andrade

A língua girava no céu da boca. Girava! Eram duas bocas, no céu único.O sexo desprendera-se de sua fundação, errante imprimia-nos seus traços de cobre. Eu, ela, elaeu.Os dois nos movíamos possuídos, trespassados, eleu. A posse não resultava de ação e doação, nem nos somava. Consumia-nos em piscina de aniquilamento. Soltos, fálus e vulva no espaço cristalino, vulva e fálus em fogo, em núpcia, emancipados de nós.A custo nossos corpos, içados do gelatinoso jazigo, se restituíram à consciência. O sexo reintegrou-se. A vida repontou: a vida menor.

l> boi luzeiro (ou a pega de violento, vaidoso e aviador) - cordel do fogo encantado
ulalá

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