Neste momento estou entre quatro paredes...e olho pra mim. Às vezes, me acho pior do que sempre disseram que sou. Não gosto do meu cabelo e dos meus dedos, muito menos da minha batata da perna. Acho minha voz chata e meus gestos inconvenientes. No entanto, penso e paro...penso mais um pouco e paro novamente. E, nesse impasse, VIVO. Tenho medo de mim, medo das minhas angústias, dos meus sonhos, dos meus passos...medo até mesmo dos meus medos. Isso porque sou duas em uma ou uma em duas, como queiram... -afinal, a ordem dos fatores não altera o produto- . Ao mesmo tempo em que me derreto de tanto chorar, caio na risada. Ao mesmo tempo em que abro um sorriso, fecho a cara. Finjo conquistar as pessoas e elas, coitadas, acabam participando desse jogo sem imaginarem a furada na qual estão entrando. No entanto, me estrepo ao me relacionar, uma vez que ao fingir que amo, acabo amando.
E, enquanto minha personalidade atravessa essa crise, estranhamente sinto-me como uma flor nua... serena. O que se justifica a partir do momento em que me encontro como um enigma, mas ao mesmo tempo, como um simples abecedário. Nesse exato instante, consigo enxergar a vida por meio de uma lente cristalina, a qual me permite ver a cor dos olhos dos pardais, os quais insistem em posar no meu colo. Como diz Manoel de Barros: "Eu vejo a voz dos passarinhos...". Percebo também que onde imaginei que houvesse lindas orquídeas é infestado por espinhos. E choro, choro muito por ter deixado tantos sofrerem por erros cometidos por mim. Entretanto, noto ainda que pelo meu caminho há flores...infindas! E assim, saio colhendo todas elas e todas as estrelas do céu!
Mas em meio a essa felicidade instantânea, caio em mim. Sinto vontade de chorar no colo de alguém. Olho para os lados e meus olhos nada encontram... Assim, acabo chorando em meu próprio colo. Depois, enxugo minhas lágrimas e começo a acreditar que talvez há uma certa magia na ilusão, mesmo que me apontem como ingênua, infantil. Afinal, todos vivem em um mundo ilusório. Isso porque não existem certezas sobre o amanhã e, também, se existissem que graça teria viver?
Contudo, em devaneios penso pela última vez, pois percebo que é melhor parar de pensar... assim como é melhor vc parar de ler...
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Um comentário:
Depois que amadureci, digamos dessa forma, adquiri um sentimento estranho, uma solidão confortável e desconfortável ao mesmo tempo. Depois de muito tempo tentando me expressar, li por acaso esse texto e me encontrei. Sua angústia (passada, ao que imagino) é a mesma que a minha. Amei seu jeito de escrever, os adjetivos, todo o contexto. :)
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